segunda-feira, 4 de agosto de 2014


39% abrem negócio sem saber capital necessário, diz Sebrae-SP

Falta de planejamento, deficiências na gestão e o comportamento do próprio empreendedor são as principais causas do fechamento de empresas em seus primeiros anos de atividade, aponta pesquisa divulgada nesta segunda-feira (4) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).De acordo com o estudo "Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros cinco anos de vida", 46% dos empreendedores afirmam ter começado o empreendimento sem conhecer os hábitos de consumo dos clientes nem o número de consumidores que teriam.  Do total, 39% ignoravam qual o capital de giro necessário para abrir a empresa e 38% não sabiam quantos concorrentes enfrentariam.A pesquisa revelou, ainda, que 49% dos empresários cujos negócios fecharam vieram a reconhecer o bom planejamento antes da abertura como o fator mais importante para a sobrevivência da empresa. Entre os que se mantiveram ativos no mercado, 36% consideram esse o aspecto mais relevante e 34% apontam a gestão após a abertura como fator mais significativo para a sobrevivência.O levantamento constatou, ainda, que 55% dos donos de empresas não elaboraram um plano de negócios antes da abertura. No documento, são listados detalhes do empreendimento como aspectos financeiros, mão de obra necessária, estratégias de marketing, perfil do público-alvo, pontos fortes e fracos, riscos e oportunidades.
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2014/08/39-abre-negocio-sem-saber-capital-necessario-diz-sebrae-sp.html
Aluna: Adriana Alves Silva

Mercado reduz pela 10ª vez seguida previsão de alta do PIB de 2014



Pela décima semana seguida, os economistas do mercado financeiro reduziram as estimativas para o crescimento da economia brasileira este ano.

 A previsão, agora, é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 0,86% – na semana anterior, a alta prevista era de 0,9%. Para 2015, a previsão do mercado para a alta do PIB ficou estável, em 1,5%.
Os economistas também reduziram, na semana passada, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014. Os dados são do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, resultado de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2014/08/mercado-reduz-de-novo-previsao-de-alta-do-pib-e-da-inflacao-neste-ano.html
Aluna: Adriana Alves Silva

Ações asiáticas têm leve alta por temores de mais queda em Wall Street

Tensões geopolíticas ofuscam dados dos Estados Unidos.
Índice japonês Nikkei atingiu mínima de uma semana.

Temores de mais quedas em Wall Street mantiveram as ações asiáticas na defensiva em sua maioria nesta segunda-feira (3), com receios sobre tensões geopolíticas ofuscando dados dos Estados Unidos que argumentaram contra um início mais cedo do ciclo de elevação de juros do banco central do país.
Às 7h45 (horário de Brasília), o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão avançava 0,45%, em grande parte porque as ações chinesas continuavam com um rali por sinais de que a economia está recuperando ímpeto após uma série de medidas de estímulo.
No entanto, o índice japonês Nikkei atingiu mínima de uma semana e investidores estavam cautelosos na maioria dos mercados desenvolvidos depois que o índice norte-americano S&P 500 perdeu 2,7% na semana passada, sua maior queda semanal em mais de dois anos para atingir uma mínima de dois meses.
Muitos mercados acionários mundiais tiveram um rali na maior parte deste ano com base em esperanças de que o crescimento econômico dos EUA irá acelerar enquanto, ao mesmo tempo, o Federal Reserve, banco central dos EUA, também manterá as taxas de juros em zero até pelo menos a metade do ano que vem para sustentar a economia.
Os dados de empregos nos EUA divulgados na sexta-feira deram poucos motivos para que o Fed corra para elevar os juros. Embora a criação de vagas tenha superado a marca de 200 mil pelo sexto mês consecutivo, a taxa de desemprego subiu para 6,2% e a renda média por hora cresceu em apenas um centavo, mostrando pouca pressão inflacionária.
fonte:http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2014/08/acoes-asiaticas-tem-leve-alta-por-temores-de-mais-queda-em-wall-street.html

postado por: Duarte e Tiago

Ações europeias fecham em queda, puxadas por Alemanha e Suíça

Em Frankfurt, o índice DAX caiu 0,61%.
Impacto econômico de sanções contra a Rússia pesaram nas ações.

As bolsas alemã e suíça tiveram o pior desempenho na Europa nesta segunda-feira (4), com o  impacto econômico de sanções contra a Rússia pesando nas ações e se sobrepondo ao alívio com o acordo de resgate do Banco Espírito Santo. O índice FTSEurofirst 300, que reúne os principais papéis do continente, caiu 0,19%, a 1.330 pontos.
A mais recente pesquisa Sentix mostrou queda inesperada na confiança na zona do euro em julho. Investidores avaliaram que as sanções da União Europeia contra Moscou pesam particularmente sobre a Alemanha, maior economia da Europa.
Potências ocidentais intensificaram as sanções contra a Rússia após um avião malaio ser derrubado no mês passado no leste da Ucrânia, onde forças de Kiev enfrentam separatistas pró-Rússia.
"A Alemanha tem mais a perder do que a maioria no caso de sanções adicionais contra a Rússia", disse o vice-presidente de Investimentos da SteppenWolf Capital, Phoebuls Theologites.
A bolsa suíça também fechou em queda, com as ações dos dois maiores bancos do país – UBS e Credit Suisse – terminando perto das mínimas em cerca de um ano. Reguladores vêm investigado as unidades de negociações de ambos desde o ano passado. Os bancos dizem estar cooperando com as investigações.
Mas houve algum alívio no setor bancário, após Portugal firmar acordo e usar € 4,9 bilhões (US$ 6,6 bilhões) para resgatar o BES, maior banco do país listado em bolsa. A operação vem apenas meses após o país concluir resgate internacional.
Em Londres, o índice Financial Times recuou 0,02%, a 6.677 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 0,61%, a 9.154 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 ganhou 0,34%, a 4.217 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,09%, a 20.381 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,17%, a 10.496 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 valorizou-se 0,98%, a 5.854 pontos

 fonte: http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2014/08/acoes-europeias-fecham-em-queda-puxadas-por-alemanha-e-suica4.html

postado por: Duarte e Tiago S.


Dólar anula queda e opera praticamente estável ante real


O dólar anulou a queda e passou a operar praticamente estável ante o real nesta segunda- feira (4), em dia de poucas notícias e mesmo após o Banco Central sinalizar que deve rolar fatia maior dos swaps que vencem em 1º de setembro do que no mês passado, destaca a reuters.Perto das 15h, a divisa dos Estados Unidos operava com leve alta de 0,03%, a R$ 2,2611na venda, após chegar a R$ 2,2482 reais na mínima do dia, pela manhã. Na sexta-feira, a moeda recuou 0,41%, a R$ 2,2605 na venda.Mais cedo, o dólar registrou quedas maiores sobre o dólar, refletindo o alívio do investidores com a atuação do BC. A autoridade vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, no primeiro leilão para rolagem dos contratos que vencem em 1º de setembro.Com isso, rolou cerca de 4% do lote total, equivalente a US$ 10,070 bilhões.Se mantiver esse ritmo até o fim do mês, rolará cerca de 80% do lote de setembro, mais do que os 70% rolados no mês passado, mas ainda na estratégia de rolar entre 50% e 80% adotada desde março."O anúncio do BC deu alguma tranquilidade para o mercado realizar lucros depois de toda a movimentação da semana passada (quando registrou valorização de 1,48%)", afirmou à Reuters o gerente de câmbio da corretora Fair, Mario Battistel."O dólar deve voltar a cair um pouco, agora. Talvez não volte aos R$ 2,20, mas pelo menos aquela pressão de alta perdeu força", acrescentou.Nas atuações diárias, o BC continuou vendendo a oferta integral de até 4 mil swaps, com volume equivalente a US$ 198,9 milhões. Todos os contratos vendidos vencem em 2 de fevereiro. Também foram ofertados swaps para 1º de junho, mas nenhum foi colocado.Também ajudava a trazer alívio ao câmbio o ambiente global mais tranquilo, após uma semana de intensa pressão, que impulsionou a divisa dos EUA acima do teto informal de R$ 2,25.O dólar vinha oscilando entre R$ 2,20 e 2,25 desde o início de abril, com breves exceções. Boa parte do mercado entende que esses níveis agradariam o BC por não prejudicarem a inflação ou as exportações.
fonte: http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2014/08/dolar-anula-queda-e-opera-praticamente-estavel-ante-real.html
aluna: Adriana Alves Silva

Salvador e Porto Alegre tiveram deflação em julho, mostra FGV

Conta de luz e gasolina puxaram baixa na capital baiana.
Maior taxa do IPC-S foi registrada no Rio de Janeiro.


Os consumidores de Salvador e Porto Alegre gastaram menos em julho. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), as duas capitais fecharam o mês passado com deflação, de 0,54% e 0,09%, respectivamente.
Em Salvador, a queda no Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) foi puxada pela tarifa de eletricidade residencial, que ficou 11,19% mais barata, e pelo preço da gasolina, que caiu 3,95%.
Já em Porto Alegre, as quedas mais significativas vieram de alimentos preparados e congelados de ave, com baixa de 7,59%, e passagens aéreas, que ficaram 22,71% mais baratas.
Segundo a FGV, a maior taxa de inflação em julho entre as sete capitais pesquisadas foi registrada no Rio de Janeiro, de 0,36%, seguida por Brasília, com 0,23%. Em São Paulo, o IPC-S ficou em 0,22%; em Belo Horizonte, em 0,16%; e em Recife, em 0,15%

                      Lígia Amorim
http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2014/08/salvador-e-porto-alegre-tiveram-deflacao-em-julho-mostra-fgv.html


04/08/2014 08h29 - Atualizado em 04/08/2014 15h16

Mercado reduz pela 10ª vez seguida previsão de alta do PIB de 2014

Expectativa para o crescimento da economia recua de 0,90% para 0,86%.
Previsão para o IPCA deste ano, por sua vez, cai de 6,41% para 6,39%.


Pela décima semana seguida, os economistas do mercado financeiro reduziram as estimativas para o crescimento da economia brasileira este ano. A previsão, agora, é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 0,86% – na semana anterior, a alta prevista era de 0,9%. Para 2015, a previsão do mercado para a alta do PIB ficou estável, em 1,5%.
Os economistas também reduziram, na semana passada, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014. Os dados são do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, resultado de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
PIB e juros
Para conter a inflação, o BC subiu os juros entre abril do ano passado e maio deste ano, influenciando também o ritmo de atividade. Com taxas maiores, há redução do crédito e do dinheiro em circulação, assim como do número de pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços caiam ou parem de subir.
No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia do país cresceu 0,2% nos três primeiros meses de 2014, em relação ao quarto trimestre de 2013, com destaque para o bom desempenho da agropecuária.
A expansão do PIB do país previsto para 2014 pelo mercado financeiro, de 0,86%, continua abaixo do estimado no orçamento federal, de 1,8%, e também menor que a previsão divulgada pelo Banco Central no fim de junho, de alta de 1,6%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o crescimento da economia.

Com isso, o valor se distanciou um pouco mais do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação para o ano. A previsão chegou a ultrapassar o teto em abril, mas depois recuou. A boa safra agrícola no Brasil e em outros países tem ajudado a aliviar os preços.
Inflação

O mercado financeiro também previu menos inflação para este ano. Os economistas dos bancos reduziram de 6,41% para 6,39% sua previsão de 2014 para o IPCA – considerado a inflação oficial do país e calculado pelo IBGE. Foi a terceira queda seguida do indicador.
Para 2015, a expectativa dos economistas dos bancos para o IPCA, porém, subiu de 6,21% para 6,24% – na terceira elevação consecutiva.
Pelo sistema que vigora atualmente no Brasil, a meta central tanto para 2014 quanto para 2015 é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Taxa de juros
A previsão do mercado financeiro para a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira, por sua vez, foi mantida em 11% ao ano até o fechamento de 2014. Em julho, o BC manteve a taxa estável neste patamar pelo segundo encontro seguido do Comitê de Política Monetária (Copom). Para o fim de 2015, a previsão dos analistas para o juro básico da economia permaneceu em 12% ao ano.
Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2014 ficou estável em R$ 2,35 por dólar. Para o término de 2015, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio permaneceu em R$ 2,50 por dólar.
A projeção para o superávit da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2014 permaneceu em US$ 2 bilhões na semana passada. Para 2015, a previsão de superávit comercial recuou de US$ 9,4 bilhões para US$ 8,5 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 60 bilhões. Para 2015, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros ficou estável em US$ 55 bilhões.
Fonte:http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2014/08/mercado-reduz-de-novo-previsao-de-alta-do-pib-e-da-inflacao-neste-ano.html
                                                          Camily Sousa

39% abrem negócio sem saber capital necessário, diz Sebrae-SP

Falta de planejamento, deficiências na gestão e o comportamento do próprio empreendedor são as principais causas do fechamento de empresas em seus primeiros anos de atividade, aponta pesquisa divulgada nesta segunda-feira (4) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).

De acordo com o estudo "Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros cinco anos de vida", 46% dos empreendedores afirmam ter começado o empreendimento sem conhecer os hábitos de consumo dos clientes nem o número de consumidores que teriam.  Do total, 39% ignoravam qual o capital de giro necessário para abrir a empresa e 38% não sabiam quantos concorrentes enfrentariam.
A pesquisa revelou, ainda, que 49% dos empresários cujos negócios fecharam vieram a reconhecer o bom planejamento antes da abertura como o fator mais importante para a sobrevivência da empresa. Entre os que se mantiveram ativos no mercado, 36% consideram esse o aspecto mais relevante e 34% apontam a gestão após a abertura como fator mais significativo para a sobrevivência.

O levantamento constatou, ainda, que 55% dos donos de empresas não elaboraram um plano de negócios antes da abertura. No documento, são listados detalhes do empreendimento como aspectos financeiros, mão de obra necessária, estratégias de marketing, perfil do público-alvo, pontos fortes e fracos, riscos e oportunidades.

Pesquisa
A pesquisa foi realizada com 2,8 mil empresas com registro de abertura entre 2007 e 2011 no estado de São Paulo. O levantamento envolveu 2 mil empresas do tipo sociedade limitada e empresário registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) e 800 Microempreendedores Individuais (MEIs) registrados entre 2010 e 2011, diz o Sebrae

fonte:http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2014/08/39-abre-negocio-sem-saber-capital-necessario-diz-sebrae-sp.html

Postado por: Tiago Santos e Duarte Cristiano

Garota cria 'fábrica' de limonadas e vende US$ 100 mil em 6 meses

Valor arrecadado foi doado à instituição que luta contra escravidão infantil.
Empresa com fins sociais começou com uma barraquinha de rua nos EUA.


Vivienne Harr e sua criação, a Lemon-aid (Foto: Divulgação/Make a Stand)Vivienne Harr e sua criação, a Lemon-aid
(Foto: Divulgação/Make a Stand)
Vivienne Harr é uma garota norte-americana que, além de estudar e brincar como qualquer outra criança de 10 anos, também gosta de empreender. De uma banquinha de limonada na rua de casa, em Marin County, Califórnia, a menina criou, com ajuda dos pais, uma empresa que tem dez funcionários e conseguiu faturar US$ 100 mil nos seis primeiros meses.
O negócio cresceu tanto em um ano que o pai da garota deixou o emprego para coordenar o que hoje é a empresa e fundação Make a Stand (expressão que significa "tome uma posição").
  
Orgânicos e produzidos nos moldes do comércio justo (fair trade), os sucos de Vivienne têm parte do lucro com as vendas doado a entidades de combate à escravidão infantil. “Nosso negócio é chamado de ‘empresa de finalidade social’. Não usamos ingredientes vindos de pessoas que trabalhem de forma contrária ao nosso pensamento, em condições injustas”, diz Vivienne.

As limonadas são oferecidas em garrafas de vidro e, diferente de tudo o que se encontra à venda, não têm preço definido. Cabe ao consumidor escolher quanto quer pagar. Hoje, elas são vendidas em 152 supermercados em toda a costa oeste dos Estados Unidos e no Texas.
Vivienne garante que o suco é delicioso. A receita foi passada pela família, que vem fazendo limonadas por “centenas de anos”, de acordo com ela. Com menos açúcar, o sabor é um pouco azedinho.
A Make a Stand emprega hoje dez pessoas nos EUA (Foto: Divulgação/Make a Stand)A Make a Stand emprega hoje dez pessoas nos EUA (Foto: Divulgação/Make a Stand)
Como tudo começou
No primeiro dia em que Vivienne montou sua barraquinha, em 2012, faturou US$ 100 com as limonadas feitas com a ajuda da mãe.
Quem podia imaginar que isso iria tão longe? Grandes coisas têm pequenos começos"
Vivienne Harr
No 52º dia, a história de Vivienne, que vendia os sucos diariamente, sob chuva ou sol, chegou aos ouvidos de Nicholas Kristof, renomado repórter do jornal “The New York Times” e ganhador de um prêmio Pulitzer (considerado o reconhecimento máximo no jornalismo). Ele compartilhou um post do pai da garota, Eric Harr, no Twitter.
Depois disso, o faturamento cresceu a uma velocidade tão grande que, em seis meses, a garota atingiu os US$ 100 mil. O valor foi doado para uma entidade que luta contra a escravidão infantil, a Not For Sale (que significa "não está à venda"). 
“Quando Nicholas Kristof escreveu sobre nós, tudo mudou. As mídias sociais fizeram toda a diferença – o Twitter, principalmente. Sem o Twitter, eu teria feito US$ 100 e alcançado nossa vizinhança. Em vez disso, eu fiz US$ 100 mil e atingi o mundo todo. Isso significa que você não precisa ser grande ou poderoso para mudar o mundo”, conta.
Com a ajuda da família e de parceiros, Vivienne conseguiu arrecadar US$ 1 milhão e deu início à empresa Make a Stand. De acordo com o pai da garota, Eric Harr, 5% do lucro bruto vai para a fundação Make a Stand, que doa a quantia para as organizações de combate à escravidão infantil de todo o mundo.
Lemon-Aid - a limonada vendida por Vivienne. Produzida com ingredientes orgânicos e com adição menor de açúcar (Foto: Divulgação/Make a Stand)Lemon-Aid - a limonada vendida por Vivienne.
Produzida com ingredientes orgânicos e com
adição menor de açúcar (Foto: Divulgação/
Make a Stand)
“Não podemos doar tudo, porque nós temos que pagar pessoas, comprar os ingredientes e tal. Mas temos esperança de conseguir doar ainda mais”, diz Vivienne. O lucro da empresa não é informado.
A garota decidiu lutar pela causa depois que seus pais mostraram fotos de dois garotos escravos, contrariando o que ela havia aprendido nos livros.
“Achei que isso tinha acabado com Abraham Lincoln [presidente americano que aboliu a escravidão no país no século 19]. Fiquei triste ao saber que estava enganada. Não é certo que as crianças trabalhem assim. Elas deveriam estar brincando. Então, decidi fazer alguma coisa. Eu queria ajudar. A única ‘experiência de negócio’ que tinha era uma barraca de limonada, então fiz o que sabia! Quem podia imaginar que isso iria tão longe? Estou muito feliz por ter ido. Grandes coisas têm pequenos começos”, afirma a menina.
Atleta, cantora e poeta
Como a maioria das crianças, Vivienne gosta de brincar com as amigas e especialmente com seu irmão mais novo – também melhor amigo. Eric Harr disse que a filha é muito doce e apaixonada. Além do seu trabalho social, Vivienne é corredora e nadadora. Já participou de provas como a Deepsea Race e a Keiki Dash no Ironman, voltada para crianças. Nas poucas horas vagas, a garota ainda desenha e escreve poesia.
Vivienne não vai à escola, é educada em casa, no chamado “homeschooling”. Sua mãe é dona de casa em tempo integral e o esquema de trabalho do pai é “home office”. “Somos extremamente próximos. Nunca deixamos ninguém de lado”, diz Harr.
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Vivienne Harr tocou o sino da bolsa de Nova York, ao lado do ator do filme Star Trek Patrick Stewart (Foto: AFP)Vivienne Harr tocou o sino da bolsa de Nova York, ao lado do ator do filme Star Trek Patrick Stewart (Foto: AFP)

Fama e futuro
Em novembro do ano passado, o mundo conheceu o projeto de Vivienne. Ela foi escolhida para tocar o sino que marcou a estreia das ações do Twitter na Bolsa de Valores de Nova York, ao lado do ator do filme Star Trek Patrick Stewart.
A menina contou que a experiência foi incrível. “O homem que me levou até o pódio, o presidente da bolsa, disse: ‘Ok, querida, agora você tem cem milhões de pessoas te assistindo. Vai dar tudo certo!’ Nessa hora eu pensei: ‘Caramba!' Mas eu fiz o que deveria”, relembra.
Apesar de liderar esse grande projeto, que se transformou em uma empresa, a garota diz que não sabe ainda o que “será quando crescer”. “Acho que não penso sobre isso. Estou só tentando aproveitar esse momento e ajudar o máximo de pessoas que conseguir. Acho que, no final, tudo vai funcionar bem.”
                                                                      Lígia Amorim
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2014/08/garota-cria-fabrica-de-limonadas-e-vende-us-100-mil-em-6-meses.html


Brechós crescem no país e vendem de roupa infantil a bolsa de R$ 1,5 mil

Consumidor está mais consciente e tem menos preconceito com usados.
Número de pequenos negócios que vendem usados subiu 210% em 5 anos.


Estilista Valéria Migliacci montou brechó para venda de artigos de grifes (Foto: Divulgação)Estilista Valéria Migliacci montou brechó para venda de artigos de grifes (Foto: Divulgação)
O mercado de brechós e de venda de produtos usados cresce no Brasil e comerciantes e especialistas atribuem a alta a um consumidor mais consciente, com menor preconceito em relação a itens de segunda mão. Há negócios que vão desde brechós com artigos de grife, como bolsa da Louis Vuitton a cerca de R$ 1,5 mil, a site para venda de produtos para bebês e crianças.
Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que as micro e pequenas empresas que comercializam artigos usados cresceram 210% em cinco anos. O número passou de 3.691 para 11.469 entre 2007 e 2012 (os dados de 2013 ainda não estão disponíveis).

“Acredito que o crescimento do mercado de usados no país seja em função da questão da sustentabilidade, do pós-consumo, do descarte. Tanto de roupas quanto de objetos. Essa consciência ambiental das pessoas também favorece o aumento desse mercado”, avalia Wilsa Sette, coordenadora nacional de projetos do varejo da moda do Sebrae.
Alexandre Fisher criou plataforma de venda de artigos usados (Foto: Anna Fischer/Divulgação)Alexandre Fisher criou plataforma de venda de
artigos usados (Foto: Anna Fischer/Divulgação)
Um dos empresários que apostou no segmento foi Alexandre Fisher, de 35 anos. “Lá fora isso já está muito consolidado, existe essa consciência que a revenda de itens é saudável, com produtos bons. O brasileiro está perdendo o preconceito do usado, do brechó, do empoeirado e isso está evoluindo”, sugere.
Ele criou o “Ficou Pequeno”, site com itens infantis que tem roupas que não servem mais e até produtos que nunca foram usados. "Uma criança cresce em média 30 centímetros no primeiro ano, perde muita coisa. E as mães compram o enxoval, gostam de tudo, compram peças que não dão tempo de a criança usar", conta ele, que teve a ideia do negócio após observar o crescimento das sobrinhas.
Na plataforma, mães e pais podem criar a própria lojinha para oferecer o que não querem mais, pelo preço que desejarem. O site sugere vender pela metade do valor original, mas há itens até 80% mais baratos. O lucro da empresa vem de uma porcentagem sobre as vendas.
O brasileiro está perdendo o preconceito do usado, do brechó, do empoeirado"
Alexandre Fisher, empreendedor
Há quase um ano e meio no ar, a iniciativa tem mais de 1.000 lojinhas ativas, com mais de 13 mil produtos disponíveis. Ao todo, 9 mil já foram vendidos e entregues em todos os estados do país, diz Fisher. “Há de tudo: móvel, berço, cômoda, poltrona para amamentação, brinquedos, livros, DVD, sapatinho, acessórios, bomba de leite, bico de chupeta, esterilizador, babá eletrônica”, afirma.

Artigos de grife
A estilista e consultora de moda Valéria Migliacci, de 47 anos, revende desde 2011 artigos de grife usados em seu brechó na capital paulista, o Madame La Marquise. Ela também vê o sucesso do negócio como resultado da maior abertura do consumidor brasileiro aos produtos usados. “Hoje as pessoas têm facilidade de viajar, e no exterior é muito disseminado esse mercado (...). As pessoas estão olhando diferente, ficaram menos preconceituosas”, avalia.
A ideia dela é oferecer produtos praticamente únicos. “80% dos clientes são pessoas que gostam da exclusividade. É quase um guarda-roupa customizado, que sai do comum”, explica. Há ainda o público que tem interesse em ter uma peça de grife mas não consegue pagar o preço de uma nova.
Alexandre Fisher criou plataforma de venda de artigos usados (Foto: Anna Fischer/Divulgação)Mães podem vender roupas que não servem
mais nos filhos (Foto: Anna Fischer/Divulgação)
De acordo com Migliacci, um modelo mais tradicional de bolsa em bom estado da Louis Vuitton, por exemplo, pode custar de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, sendo que uma nova no Brasil custa de R$ 4 mil a R$ 7 mil, avalia.

Ela explica, contudo, que as peças da loja não costumam ser tão caras. A média de preço de blusas e calças, por exemplo, é de R$ 80 a R$ 150. E dos vestidos, de R$ 80 a R$ 350. Há peças de marcas como Huis Dlos, André Lima, Prada, Guti e Maria Bonita, entre outras.
A empreendedora escolheu trabalhar com grifes por serem itens mais sofisticados, que dão uma cara de boutique à loja e acabam movimentando valores maiores, considerando o atestado que a marca dá aos produtos. “Eu sou estilista, a gente gosta de moda”, relata.

Segundo ela, as peças são fornecidas pelos proprietários por consignação e ela ganha uma comissão sobre cada venda. O volume de peças disponíveis na boutique gira em torno de 1.000, afirma.
Espaços para empreendedores
De acordo com o Sebrae, a maioria das empresas do ramo ainda está no estado de São Paulo, com 4.141 negócios ligados à venda de usados ao final de 2012.

Diante dos dados, o Sebrae resolveu organizar entre maio e setembro deste no fóruns com empreendedores do setor nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte (ambos já aconteceram), Rio de Janeiro (no dia 28 de agosto) e Brasília (no dia 18 de setembro). “São para estimular o debate entre os empresários e especialistas para subsidiar ações do Sebrae para o nicho do mercado que está crescendo”, explicou a coordenadora do Sebrae Wilsa Sette.
                         Lígia Amorim
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2014/08/brechos-crescem-no-pais-e-vendem-de-roupa-infantil-bolsa-de-r-15-mil.html

Desafios e Perspectivas da Economia Brasileira em 2014

1.  Introdução
Em 2010, a revista The Economist apontou o Brasil em matéria de capa, na qual louvava o bom desempenho da economia e as pers­pectivas positivas que se abriam para o país. Três anos depois, a revista publicou reportagem argu­mentando que a economia desandara, pedindo a cabeça do ministro da Fazenda. Não é difícil ver por que a revista mudou tão radicalmente de ideia. O crescimento do PIB despencou de 4,3% ao ano, em 2005-2010, para 2,0% anuais, em 2011-2013, enquanto a expansão do investimen­to caiu de 9,2% para 2,3% ao ano. Além disso, neste último triênio, a inflação média ficou em 6,1% ao ano, e o déficit em conta corrente au­mentou 1,5% do PIB.
Desde 2012, o cenário externo vem mudando em uma direção que magnifica os desequilíbrios dinâmicos intrínsecos ao modelo econômico vi­gente desde 2005, muito calcado no aumento do gasto público e do crédito muito acima daquele do PIB. A desaceleração do crescimento na Ásia emergente encerrou o ciclo de alta no preço das commodities e colocou em evidência a dependên­cia do modelo à expansão contínua das importa­ções líquidas. O início do processo de normaliza­ção monetária dos EUA elevou as taxas de juros pagas pelos títulos públicos, expondo a fragilida­de de um setor público com elevada dívida bruta.
O Brasil passou a ser visto como frágil e vulne­rável à normalização da política monetária ameri­cana. Talvez nenhum outro indicador mostre isso mais claramente do que a poupança nacional ter caído, em 2013, a apenas 13,9% do PIB, gerando um recorde, pelo menos desde 1995, na necessida­de de financiamento externo do país. Isso é um cla­ro prenúncio de que, no médio prazo, o Brasil pas­sará por um forte ajuste no consumo, do setor pú­blico e das famílias, e no investimento, como acon­teceu no final dos anos 1990 e início da década passada, assim como outras vezes no passado.
As expectativas para 2014 são de um desem­penho ainda pior do que na média do triênio 2011-13. Como mostra o Gráfico 1, desde o últi­mo trimestre de 2011, houve uma progressiva redução da confiança na qualidade do desempe­nho econômico do país. Em final de fevereiro, previa-se para 2014 uma inflação de 6% e uma alta de 1,7% no PIB. Essa combinação reforça a visão de que o crescimento real do PIB potencial do Brasil caiu para aproximadamente 2,5% ao ano ou até menos. Gráficos semelhantes para 2015 e 2016 apresentam um padrão semelhante de mais inflação e menos crescimento.
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Neste artigo, analiso como a economia brasi­leira deteriorou-se a ponto de se ter expectativas tão ruins quanto ao seu desempenho nos próxi­mos anos. Com base nessa análise, traço um ce­nário para 2014. Mostro também que as más po­líticas dos últimos anos deixaram o país vulnerá­vel à normalização da política monetária ameri­cana e que o país necessita de reformas para melhorar seu desempenho, mesmo que não acre­dite que essas vão vir antes que o estado de nossa economia piore ainda mais.
O trabalho tem cinco seções, incluindo esta introdução. A seção 2 discute a “nova matriz eco­nômica”, um rótulo elaborado para a política ex­pansionista adotada desde o final de 2011. A se­ção 3 mostra por que o Brasil está entre as econo­mias emergentes mais vulneráveis à normaliza­ção monetária nos EUA. A seção 4 apresenta meu cenário para a economia em 2014. A seção 5, e última, discute o que esperar da política eco­nômica em 2015.
2 . A nova matriz econômica
Como é tradição, a presidente Dilma passou boa parte de seu primeiro ano de governo buscando frear a alta da inflação, apertando a po­lítica monetária e fiscal. No entanto, o impacto so­bre o investimento foi muito mais forte do que o previsto. As autoridades se assustaram com a que­da do crescimento e o risco de que esta se acen­tuasse com o aprofundamento da crise europeia. Além disso, a presidente tinha suas próprias ideias sobre o que era uma boa política econômica.
Assim, a partir do final de 2011, o governo pôs em prática a chamada “nova matriz econômica”. Esta consistia em uma combinação de políticas mo­netárias e fiscais mais frouxas, crédito farto e barato por meio dos bancos públicos e uma taxa de câm­bio mais desvalorizada. Assim, ainda no primeiro ano de governo, a nova matriz econômica substi­tuiu o “tripé da política macroeconômica” posto em prática por Fernando Henrique Cardoso em 1999, que consistia em metas de inflação e de superávit primário, além de uma taxa de câmbio flutuante.
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Em uma surpreendente decisão, o Comitê de Política Monetária, em 31 de agosto de 2011, ini­ciou um longo ciclo de corte dos juros, que durou até outubro de 2012. Ao todo, a Selic caiu de 12,50% para 7,25%, patamar em que permaneceu até abril de 2013, período em que os juros reais ficaram abaixo de 2% ao ano (Gráfico 2). A inicia­tiva do Banco Central surpreendeu porque o afrouxamento da política monetária ocorreu a des­peito de as expectativas de inflação, e a própria inflação, estarem bem acima da meta de 4,5%.
No início de 2012, a política fiscal também foi afrouxada, com uma redução considerável do supe­rávit primário (Gráfico 2). A maior parte dessa que­da resultou de incentivos fiscais voltados para pro­mover o gasto privado e para diminuir alguns pre­ços-chave, contribuindo, assim, para manter a infla­ção baixa. Em 2012, esses incentivos fiscais custa­ram 1,1% do PIB em receitas fiscais perdidas.
Enquanto isso, os bancos públicos expandiram suas carteiras de crédito e cortaram as taxas de juros cobradas em seus empréstimos. Entre setembro de 2011 e dezembro de 2013, o saldo de créditos dos bancos públicos aumentou 48% acima da inflação, enquanto as instituições privadas expandiram suas carteiras em 4% (Gráfico 3). Para viabilizar esse forte crescimento nas suas carteiras, os bancos pú­blicos contaram com grandes empréstimos do Te­souro, cujo saldo subiu de 6,8% do PIB, no final de 2010, para 9,7% do PIB, três anos depois.1 Quase 90% dos empréstimos do Tesouro foram para o BNDES, a um custo inferior ao pago pelo governo em sua própria dívida. Esses créditos, por sua vez, permitiram que o BNDES emprestasse a taxas de juros reais negativas, como é o caso do Programa de Sustentação do Investimento. Por outro lado, elevaram significativamente a dívida bruta e a des­pesa líquida com juros do Tesouro.
Desde o início da administração de Dilma Rousseff, o governo tem buscado desvalorizar o real. Nos três anos encerrados em dezembro de 2013, a desvalorização real superou a infla­ ção em 31%. Não obstante, a desvalorização cambial ainda não afetou os preços relativos dos produtos comercializáveis e não comercia­lizáveis, como seria de se esperar (Gráfico 4). Em parte, isso se deveu a controles do gover­no, como o sobre os preços da gasolina e do diesel, mas também à desaceleração do cresci­mento na Ásia emergente, que reduziu os pre­ços de algumas commodities. Como consequ­ência, a indústria continuou a ter um desempe­nho fraco, e o déficit em conta corrente conti­nuou a aumentar (Gráfico 5).
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No esforço de enfraquecer o real, o governo ampliou as reservas internacionais, que aumenta­ram de US$ 289 bilhões para US$ 376 bilhões no triênio encerrado ao final de 2013. Como o go­verno não gera superávit fiscal, precisou emitir dívida para comprar os dólares das reservas. Esse processo foi outra fonte importante de ex­pansão da dívida bruta do setor público e de ele­vação da despesa líquida com juros.
Quatro fatores principais explicam por que o governo adotou a “nova matriz econômica”. Pri­meiramente, pela crença de que seria possível baixar a taxa de juros real sem impacto sobre a inflação. Esse diagnóstico compreendia tanto a Selic quanto as taxas cobradas pelos bancos. Ao baixar a Selic e os juros cobrados pelos bancos públicos, o governo esperava que as taxas de ju­ros domésticas caíssem ao “padrão internacio­nal”, sem outras consequências. O aprofunda­mento da crise europeia oferecia a janela de oportunidade perfeita para fazer essa transição nas taxas de juros. Como se viu depois, a teoria do governo sobre os juros estava furada.
Em segundo lugar, o governo temia a desin­dustrialização, e a presidente parece acreditar que não há desenvolvimento sem uma indústria dinâ­mica. Todavia, a “nova matriz econômica” fracas­sou em promover a indústria, que continuou a perder participação no PIB. Em especial, os dados sugerem que a indústria precisa de políticas que a ajudem a ser mais competitiva, e não de barreiras que a protejam da falta de competitividade.
Como terceiro aspecto, pode-se citar que hou­ve um componente de soberba, materializado, por um lado, na percepção de que as empresas topa­riam qualquer coisa para investir no Brasil, não importando quão restritivos fossem os termos que o governo impusesse, e, por outro lado, na visão de que o governo sabia mais que o mercado e de­via liderar o processo de desenvolvimento.
Por fim, quando a economia desacelerou, o governo acreditava que o cenário se devia à falta de demanda. Até hoje o governo parece acreditar nessa leitura, o que justifica não aceitar os sacrifí­cios necessários para trazer a inflação para a meta.
A “nova matriz econômica” não funcionou. Como seria de se esperar, o caráter altamente ex­pansionista da nova matriz pressionou a inflação e os salários. O governo reagiu interferindo em al­guns preços básicos, como os da gasolina, do die­sel, das tarifas elétricas e de ônibus, assim como de uma série de bens de consumo, via isenções tributárias. A economia passou a carregar uma ele­vada inflação reprimida, que elevou as expectati­vas de inflação. Setores inteiros, como os de óleo e gás, de eletricidade e o sucroalcooleiro, tiveram sua saúde financeira comprometida.
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Combinada com a crescente intervenção do go­verno na economia, a “nova matriz econômica” mi­nou a confiança na economia, comprometendo os investimentos. O crédito ao consumo desacelerou, ajudando a conter a demanda das famílias por bens e serviços. Tudo isso ampliou o efeito da desacelera­ção da China sobre exportações e investimentos.
Em especial, ao contrário do que o governo prometeu, a “nova matriz econômica” não levou a uma aceleração do crescimento, mas sim a uma forte desaceleração. No biênio 2012-13, todos os setores, com exceção do de serviços de informa­ção e da administração pública, tiveram uma piora de desempenho (Tabela 1). A indústria de trans­formação, que recebeu tantos incentivos, fechou 2013 com um PIB menor do que o de 2011. Mais importante, talvez, seja o fato de que os setores que puxaram a aceleração do crescimento em 2005-2011 – construção, comércio, transporte, in­termediação financeira e outros serviços – tiveram uma marcada piora no seu desempenho.
Portanto, mesmo antes da mudança no cenário externo, a economia brasileira já precisava de refor­mas. A perspectiva de normalização da política mo­netária dos EUA apenas as tornou mais urgentes. Essas reformas foram, e continuarão a ser, adiadas em uma tentativa de manter uma impressão de nor­malidade até as eleições presidenciais de outubro de 2014. Isso significa que o Brasil vai sentir as conse­quências da menor liquidez global e da atratividade crescente dos EUA para investimento, mas uma rea­ção mais completa para os desafios impostos por esta nova situação será adiada pelo menos até 2015.
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3. Brasil, frágil e vulnerável
A sugestão de Ben Bernanke, em 22 de maio de 2013, de que o Fed, o banco central ame­ricano, poderia começar a reduzir suas emissões monetárias no último trimestre de 2013, foi sufi­ciente para causar grandes estragos nos mercados financeiros dos países emergentes, cujos ativos domésticos perderam muito de seu fascínio ante­rior. O Brasil está entre os países mais afetados. Nos três meses seguintes ao discurso de Ber­nanke, o real caiu 17% em relação ao dólar, apesar das maciças vendas de dólares no mercado futuro pelo Banco Central, enquanto os juros pagos pelos títulos públicos e corporativos aumentavam.
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O Gráfico 6 ilustra o impacto do discurso de Ber­nanke, mostrando a dependência dos juros no Brasil, representados pelo rendimento real das NTNs-B,3 do que acontece com a política monetária americana, aqui caracterizado pelo retorno real dos títulos de dez anos indexados à inflação (Tips)4. Primeiramente, fica claro que a queda dos juros a partir do terceiro trimestre de 2011 só se viabilizou porque os juros também caíram muito nos EUA. Consequentemen­te, conforme os juros retornem a um patamar de lon­go prazo nos EUA, eles também devem ficar mais altos no Brasil. O Gráfico 6 mostra, porém, outro ponto relevante: que os juros no Brasil continuaram a subir mesmo depois que os juros nos EUA se esta­bilizaram. A razão foi a desconfiança com relação à dinâmica das nossas contas públicas.
A partir dessa reação do câmbio e dos juros, o Brasil passou a ser visto como um dos países mais vulneráveis às mudanças na economia mundial. O Fed, em um trecho do Relatório de Política Mone­tária de fevereiro de 2014, citou o Brasil como o segundo país emergente mais vulnerável à normali­zação da política monetária americana, entre os 15 países analisados, pouco atrás da Turquia. A análise do Fed se somou à do banco de investimentos Mor­gan Stanley, que incluiu o Brasil no grupo dos cinco países emergentes mais frágeis a mudanças na atual conjuntura econômica internacional.
O Fed está errado? O governo brasileiro acredita que sim. Para um técnico do governo, “o estudo do Fed tem falhas básicas”. Para o ministro Guido Man­tega, os estudos que colocam o Brasil como vulnerá­vel são um equívoco. De fato, para o ministro, o Bra­sil é um dos países “mais bem preparados” para o momento atual da economia mundial. Entre outras coisas, o ministro cita como evidência dessa boa pre­paração o valor das reservas internacionais; o déficit em conta corrente (“Não estamos vulneráveis no dé­ficit de transações correntes”), que seria um dos me­nores em comparação a outros emergentes; e o fato de o Brasil ter acelerado o crescimento do PIB em 2013, contra 2012: “estamos no quadro mundial en­tre as economias que tiveram crescimento maior” (citações no Valor Online:http://bit.ly/1kWWum5). Também se incluem nessa lista de evidências as en­tradas de investimento direto estrangeiro.
A análise do Fed está contida em um box do Relatório de Política Monetária intitulado “Es­tresse Financeiro e Vulnerabilidades nas Econo­mias de Mercado Emergentes” (http://1.usa.gov/1h6fLMF). Nele, o Fed argumenta que o mer­cado financeiro está se diferenciando entre os emergentes – como refletido nas variações do câmbio e das taxas pagas pelos títulos públicos – e constrói um indicador de vulnerabilidade para 15 países emergentes,5 que ele mostra estar bastante correlacionado com a desvalorização cambial ex­perimentada por esses países. Em especial, as mo­edas de países mais vulneráveis, de acordo com o indicador, sofreram as maiores desvalorizações.
O Fed não detalha como construiu o indica­dor de vulnerabilidade, mas diz que o índice é simples e baseado em seis indicadores:
● O saldo em conta corrente como proporção do PIB. Quanto maior esse saldo, menos vul­nerável o país é à redução da liquidez interna­cional que deve resultar da normalização mo­netária nos EUA.
● A dívida bruta do setor público como proporção do PIB. Países com governos menos endivida­dos são menos vulneráveis à alta dos juros e à redução da disponibilidade de financiamento resultante da normalização monetária nos EUA.
● Inflação anual média no último triênio. Paí­ses com menor inflação serão menos vulnerá­veis à desvalorização cambial que resultará da normalização monetária nos EUA.
● A variação no último quinquênio do crédito bancário ao setor privado como proporção do PIB. Países com menor expansão do crédito terão mais facilidade de se adaptar à mudan­ça no custo de financiamento e à desacelera­ção que deve resultar da normalização mone­tária nos EUA. Países em que houve maior crescimento do crédito deverão ver uma alta na inadimplência, que pode pesar nas contas públicas e levar a um maior aperto na conces­são de novos créditos.
● A relação entre a dívida externa total e as ex­portações. Em um momento de redução da li­quidez internacional, uma dívida externa ele­vada é um ponto de vulnerabilidade, que tende a pressionar o câmbio, mas essa pressão será tão mais reduzida quanto maiores as exporta­ções do país, pois será mais fácil fazer um ajuste via balança comercial.
● A razão entre as reservas internacionais e o PIB. Quanto mais alta essa razão, menos vul­nerável o país a uma diminuição do financia­mento externo.
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Para replicar o indicador de vulnerabilidade do Fed, primeiramente padronizei os dados para os 15 países selecionados pelo Fed e de outros três países que deveriam ser incluídos nessa amostra: Hungria, Peru e Polônia. Isso foi feito, de forma que todas as séries variassem de 0% a 100%.6 Para derivar o indicador, agreguei as séries da seguinte forma: somei os valores para dívida bruta do setor público, a inflação média trienal, a variação quin­quenal no crédito bancário ao setor privado, e a razão entre dívida externa e exportações; depois, dela subtraímos o saldo em conta corrente e a ra­zão entre reservas internacionais e PIB.
O resultado dessa agregação é um indicador que pode variar entre menos 200% e mais 400%. Para facilitar a leitura, somei 200% ao resultado e dividi a soma por 600%, obtendo um indicador que pode variar de 0 a 100. Quanto mais alto o indicador, mais vulnerável o país. Esse indicador de vulnerabilidade do Fed é apresentado na Tabela 2. Nela também apresento um indicador de vulne­rabilidade ampliado, que considera também ou­tros três indicadores que poderiam ter sidos utili­zados: o resultado nominal das contas do governo geral, a taxa média de crescimento do PIB nos úl­timos três anos (2011-2013) e o investimento es­trangeiro direto como proporção do PIB.
O que mostram os resultados? O indicador do Fed confirma que Turquia, Brasil, Índia, Indoné­sia e África do Sul são, nesta ordem, os países mais vulneráveis entre os 15 analisados pelo Fed. O quadro muda um pouco com a inclusão dos outros três emergentes considerados aqui, com a Polônia, ascendendo à posição de quarto país mais vulnerável, com Indonésia e África do Sul vindo em seguida. Na outra ponta, Taiwan e Coreia são os emergentes menos vulneráveis.
Vê-se, portanto, que os números são consis­tentes com a conclusão a que o Fed chegou, em especial em relação ao Brasil ser o segundo emergente mais vulnerável entre os 15 conside­rados. De fato, esse resultado também se mantém quando se incluem Hungria, Peru e Polônia.
O posicionamento do Brasil fica ainda pior quando ampliamos o conjunto de medidores de vulnerabilidade, para incluir três medidores de vulnerabilidade a que o ministro Mantega fez re­ferência nas suas críticas à análise do Fed:7 o re­sultado fiscal, o crescimento do PIB e o fluxo de investimento estrangeiro direto. Como se vê na última coluna da Tabela 2, com esse indicador ampliado de vulnerabilidade, o Brasil passa a Turquia para se mostrar o país mais vulnerável, a Índia vem em segundo e a Turquia em terceiro. A ordem muda, porém, a partir da quarta posição, com a Polônia passando a quarto lugar, a África do Sul a quinto e o México a sexto.
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A partir dos dados desagregados é possí­vel avaliar por que o Brasil se encontra nessa posição de vulnerabilidade. Ordenando os pa­íses do mais para o menos vulnerável, conclu­ímos que:
● O Brasil tem o segundo pior resultado para o crescimento trienal do PIB e para o tamanho da dívida pública bruta.
● O país fica na terceira pior posição para o saldo em conta corrente e para a razão entre dívida externa e exportações.
● Ficamos na quarta pior posição em inflação trienal média e na variação no crédito bancá­rio ao setor privado.
● Ficamos na sexta posição em termos do re­sultado nominal do governo geral, na oitava posição em relação a reservas internacionais e em décima, no que concerne ao investimen­to direto estrangeiro.
Desta forma, em apenas uma medida de vulnerabilidade ficamos na metade menos vul­nerável dos países, enquanto em seis dos nove indicadores ficamos entre os 25% de econo­mias emergentes mais vulneráveis. Leia-se, nossa vulnerabilidade se manifesta em várias áreas da economia.
4 . Um cenário para 2014
Minha expectativa é que 2014 seja um 2013 piorado. Como quantificado na Tabela 3, meu cenário para este ano é de uma desacele­ração no crescimento com uma alta na inflação e pioras no déficit externo e no resultado fiscal. Como será discutido na próxima seção, esse ce­nário aumentará a expectativa de um forte ajuste macroeconômico em 2015.
A agropecuária deve apresentar outra vez o melhor desempenho setorial, mas sem repetir a forte expansão de 2013, que em parte refletiu a contração de 2012. Com isso, sua influência so­bre o setor de bens de capital, produtor de cami­nhões e máquinas agrícolas, e de transportes, para escoamento da safra, será mais modesta do que a de 2013. A indústria sentirá ainda as crises na Argentina e na Venezuela, importantes merca­dos de exportações de manufaturados; as taxas de juros mais altas; o fraco desempenho do setor de extração mineral; e um setor de construção que entrou em um ritmo mais moderado de ex­pansão (Tabela 1). Por outro lado, a desvaloriza­ção cambial dará algum fôlego à produção fabril.
O setor de serviços também deve ter uma ex­pansão mais modesta. Além do impulso mais fra­co vindo da agropecuária e da venda de cami­nhões, a expansão mais lenta da massa salarial e do crédito ao consumidor deve limitar o cresci­mento de setores como comércio, outros serviços e intermediação financeira. Os setores que ainda devem manter um maior dinamismo são admi­nistração, saúde e educação públicas e atividade imobiliária e aluguel. A Copa do Mundo também deve beneficiar setores como transporte aéreo, hotelaria, alimentação fora do domicílio e servi­ços de informação, mas prejudicar o comércio, pelo maior número de feriados.
O consumo privado vem crescendo menos devido à expansão mais lenta da massa salarial e do crédito ao consumo. Assim, em 2013, o con­sumo das famílias teve seu terceiro ano de desa­celeração, aumentando 2,3%, ante 6,9% em 2010, 4,1% em 2011, e 3,2% em 2012. Essa foi a menor alta desde 2003, equivalente a menos da metade do crescimento médio em 2004-2012. A desaceleração na expansão do consumo privado deve continuar em 2014. Por outro lado, o consu­mo do governo deve aumentar com mais força este ano, devido à realização de eleições, tanto em nível federal quanto estadual.
Três fatores explicam a menor expansão do consumo privado. Em primeiro lugar, a piora ob­servada no mercado de trabalho (a despeito das baixas taxas de desemprego): em 2013, a massa salarial real aumentou apenas 2,6%, ante 6,3% em 2012, com uma menor alta do emprego (0,7% em 2013, contra 2,2% em 2012) e do rendimento real (1,9% contra 4,1% na mesma comparação). De fato, no último trimestre de 2013, o emprego já foi menor do que no mesmo período em 2012. Em 2014, espero outra vez uma baixa expansão da massa salarial real.
Em segundo lugar, o crédito ao consumo das famílias aumentou apenas 0,3% acima da infla­ção em 2013, em relação a 2,1% em 2012, 5,3% em 2011 e 11,9% em 2010. O crédito também ficou mais caro: em janeiro de 2014, a taxa de juros para as pessoas físicas com recursos livres ficou 5,3 pontos percentuais acima da taxa de um ano antes. O crédito ao consumo deve continuar patinando em 2014.
Por fim, caiu a confiança do consumidor, por conta da piora do mercado de trabalho, da eleva­da inflação de preços livres e da percepção de que haverá um “tarifaço” após as eleições, para corrigir os preços de gasolina e diesel e as tarifas elétricas e de ônibus. Também contribuem para esse quadro as incertezas sobre a evolução do quadro interno e da economia mundial.
O bom desempenho do investimento em 2013 não se repetirá em 2014. De fato, somando-se a alta em 2013 com a queda de 4,0% em 2012, vê-se que o investimento cresceu apenas 1,0% ao ano na média do último biênio. A expansão do investi­mento em 2014 deve ficar nessa faixa. A produção de bens de capital não repetirá o mesmo número de 2013, pois a base de comparação é menos favo­rável e não haverá necessidade de tantos cami­nhões novos. Além disso, a confiança dos empre­sários também está em queda, refletindo as incer­tezas domésticas e externas. Basta ver que a Petro­bras já anunciou que, em 2014, investirá 0,4% do PIB a menos do que em 2013.
Ainda sobre o investimento, os resultados mostram que as privatizações realizadas até aqui não vão fazer muita diferença no resultado ma­croeconômico: elas simplesmente não têm di­mensão para isso. Por fim, mas não menos importante, há um risco não trivial, e crescente, de que o Brasil tenha um apagão elétrico neste ou ainda mais provavelmente no próximo ano.
Também não acredito que a salvação virá do setor externo. Apesar da melhora no desempenho dos EUA e da Europa, o menor crescimento chi­nês e o mau momento vivido pela Argentina e pela Venezuela vão limitar a expansão das nossas exportações. Em especial, é muito difícil pegar o que exportamos para os nossos vizinhos latino­-americanos e, da noite para o dia, começar a vendê-los nos EUA e na Europa. A queda do pre­ço das exportações também atrapalha uma recu­peração mais forte das vendas externas. Por ou­tro lado, enquanto a relação entre preços de pro­dutos comercializáveis e não comercializáveis não começar a subir com mais força (Gráficos 4 e 5), dificilmente as importações vão parar de au­mentar. Assim, na contramão das previsões do mercado, não acredito em aumento do saldo co­mercial este ano e espero que o déficit em conta corrente aumente mais um pouco.
Em linha com o mercado, minha expectativa é que o superávit primário do setor público con­solidado fique meio ponto percentual do PIB abaixo da meta estabelecida pelo governo para este ano. Prevejo, porém, uma maior despesa com o pagamento de juros. O resultado será um déficit nominal 1% do PIB mais alto que em 2013, o que atiçará as preocupações com a dinâ­mica da dívida pública.
Por fim, acredito que o Banco Central deverá encerrar o atual ciclo de alta da Selic com mais uma alta de 0,25% na reunião de abril do Comitê de Política Monetária, mas deverá outra vez subir os juros após as eleições. Em parte, isso ocorrerá para lidar com a maior pressão inflacionária ad­vinda da desvalorização do real, que deverá fechar o ano em cotação na faixa de R$ 2,55/US$.
5 . Observações finais
Ainda que o governo esteja preocupado com a desaceleração do PIB e, em particular, de setores intensivos em trabalho, sua atenção maior está voltada para o mercado de trabalho, em especial o emprego e a renda, que já foram definidos pelo atual ministro-chefe da Casa Civil como o “PIB do povo”. De fato, apesar do baixo crescimento, o desemprego continua a registar as taxas mais baixas da última década, e os ganhos reais ainda estão em ascensão. Esta é a principal razão por trás da resistente popularidade da pre­sidente Dilma Rousseff e de seu favoritismo para as eleições presidenciais de 2014. Isso estimula o governo a não querer mudar a política econô­mica até depois das eleições.
A maioria dos analistas de mercado acha, po­rém, que, independentemente de quem vencer as eleições, as reformas serão postas em prática em 2015, para fortalecer os fundamentos e colocar o crescimento da economia em bases mais sólidas. O cenário básico que eles têm em mente é uma repetição de 2003. Naquele ano, o primeiro do governo Lula, houve um aperto substancial na política fiscal e monetária para aumentar a con­fiança no novo governo e derrubar a inflação, que atingiu 12,5% em 2002. Esta postura política – e o boom na demanda porcommodities – abriu o caminho para o bom desempenho econômico do Brasil no resto da década.
Esse é basicamente um cenário de retorno à disciplina macroeconômica, que poderia acalmar os investidores e permitir a retomada de um cres­cimento mais robusto da economia. Será um crescimento mais equilibrado, já que a taxa de câmbio mais competitiva fomentará a produção industrial. Com isso, o trabalho vai migrar dos serviços para a indústria, aumentando a produti­vidade. Ainda assim, este será um cenário de crescimento relativamente baixo, uma vez que a demografia e a já baixa taxa de desemprego vão limitar a contribuição do trabalho na expansão da produção, além de não ser esperado que o cresci­mento da produtividade vá reproduzir o bom de­sempenho de meados dos anos 2000.
Um cenário mais otimista incluiria uma nova rodada de reformas do lado da oferta. As áreas prio­ritárias são o complexo sistema fiscal e o ambiente de negócios ruim, incluindo uma regulação menos politicamente orientada na infraestrutura. Tal agen­da permitiria uma ascensão mais rápida da produti­vidade e uma alta do investimento, de preferência com foco nos gargalos de infraestrutura.
Eu acredito, porém, que esses cenários subes­timam o custo do ajuste que o Brasil terá que en­frentar para corrigir os erros de política acumula­dos em 2011-2014 e, nesse sentido, a disposição política de implementar as mudanças necessá­rias. Isso por três razões principais.
Primeiramente, a presidente Dilma Rousseff vai legar uma economia mais doente a quem ga­nhar a eleição do que aquela que herdou de Lula. Em especial, há uma série de fontes de inflação reprimidas que virão à tona em algum momento. Em 2015, será necessário aumentar os preços ad­ministrados. Além disso, o ajuste fiscal implicará uma reversão dos cortes de impostos implemen­tados ao longo dos últimos três anos, o que vai pressionar o preço dos bens de consumo. Por fim, a necessária correção no preço relativo dos bens comercializáveis deve vir de uma acelera­ção na inflação desses preços, possivelmente por um maior repasse da desvalorização cambial.
Em segundo lugar, as famílias e as empresas estão muito mais endividadas do que em 2003. Se a taxa de desemprego aumentar, como preci­saria acontecer para que a inflação caia, as taxas de inadimplência irão subir. Os bancos públicos estão particularmente expostos a uma piora na inadimplência. O custo social e fiscal de uma de­saceleração será alto.
A terceira razão pela qual o ajustamento econômico em 2015 provavelmente vai ter de ser ao mesmo tempo profundo e doloroso é o fato de que, desta vez, o Brasil terá de enfrentar ventos contrários, e não a favor. Logo após Lula começar seu programa de estabilização, em 2003, o preço das commoditiescomeçou a su­bir. Isso facilitou uma contínua valorização do real, que foi uma grande ajuda para levar a in­flação para baixo. O próximo presidente, por sua vez, terá de governar com preços decommodities estáveis, ou em queda, e uma re­dução na liquidez internacional, que colocarão mais pressão nas contas externas.
Em caso de reeleição, um ajuste forte é im­provável. Afinal de contas, o eleitor terá votado pela manutenção da atual política econômica. Além disso, a presidente já deixou claro que acredita nessa política, e o ministro da Fazenda já declarou que não considera que a “nova matriz econômica” tenha falhado. Some-se a isso o fato de que, diferentemente do que aconteceu com o presidente Lula em 2003, o mercado não dará um voto de confiança ao governo, em função do seu histórico, e isso reduzirá o ganho que poderia ser alcançado com a melhora de expectativas.
Não vejo que a situação de financiamento ex­terno, nem a de financiamento do setor público, se compliquem até 2015 a ponto de forçar um ajuste involuntário dessa natureza. O mais pro­vável, portanto, é que, em caso de reeleição, o governo dobre a aposta em promover a “nova matriz econômica”, fazendo reformas pontuais.
Caso a oposição vença as eleições, é mais provável que haja um ajuste. Primeiramente por­que o novo governo poderá colocar a culpa na­quele que saiu e, com maior credibilidade, se beneficiar mais fortemente de uma mudança de expectativas. Em segundo lugar porque o com­prometimento ideológico será menor. E, por fim, mas não menos importante, se a oposição ganhar, é porque o povo não estava mais satisfeito com a atual política econômica e quis mudanças. Mes­mo nesse caso, porém, é importante considerar que um ajuste forte terá um custo considerável, tanto econômico quanto político.
1 Agradeço a assistência de pesquisa de Julia Fontes, Marcel Balassiano e Daniel Duque.
2 A expansão do crédito público turbinado por empréstimos do Tesouro já vinha do período Lula. Basta ver que, no final de 2008, os empréstimos do Tesouro para instituições financeiras federais somavam apenas 1,4% do PIB.
3 As NTNs são as Notas do Tesouro Nacional. A série B é de títulos que pagam a variação do IPCA mais um rendimento real.
4 Treasury Inflation Protected Securities.
5 Brasil, Chile, China, Colômbia, Índia, Indonésia, Malásia, México, Filipinas, Rússia, África do Sul, Coreia do Sul, Tailândia, Taiwan e Turquia.
6 Para isso, diminuí o valor mínimo de cada série e depois dividi o resultado pela diferença entre o maior e o menor valor. Os dados utilizados nesse exercício podem ser encontrados em http://bit.ly/1l1bQWI
7 Ver a apresentação “9º Balanço do PAC: Quadro Macroeconômico”, Ministro Guido Mantega, 18 de fevereiro de 2014, disponível em http://bit.ly/1mavy0n.
Fonte:http://interessenacional.uol.com.br/index.php/edicoes-revista/desafios-e-perspectivas-da-economia-brasileira-em-2014/
                                            Camily Sousa