quarta-feira, 6 de maio de 2015





Poesia Matemática





Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.


Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.

FONTE:http://matematicablog.zip.net/contos/
Beatriz Ferreira


O crime do comediante




No palco, o célebre cômico Fabiano Novaes tinha por ofício fazer brotar alegria dos corações insensíveis. Ao entrar, aplausos tímidos, deteve-se ao centro, alinhou a gravata, fechou o botão do paletó francês e imitou um sorriso. Na entrada, dois policiais guardavam a porta de vidro que dava acesso ao teatro. Naquela noite, abriu o show atendendo certas recomendações.

− Sabem que animal só existe na Argentina? Não? Orangotango.

Entretanto, as leis o limitavam. Depois de uma apresentação polêmica, recebeu críticas negativas de todo o país. Por sugestão do governador, pessoa íntima, esteve diante de um renomado jurista. Todavia, as palavras do Dr. Álvaro ardiam nos seus ouvidos.

− A lei é severa quanto a ideias pejorativas, escreva sobre dinheiro ou faça trocadilhos.

− Tarefa árdua, vou ter que cortar muito.

− É a ditadura da sisudez, Fabiano.

− Ligaram-me reclamando de uma anedota.

− Não vê? A cada dia torna-se mais restrito.

− Em breve, teremos uma lei proibindo sorriso duvidoso.

Fabiano balançava a cabeça contrariado. Quedou-se amuado por um instante.

− Que quer dizer com inclusão? – perguntou o artista.

− Não ofenda os desamparados.

− Verei o que posso fazer.

− Pilhérias inteligentes – disse o Dr. Álvaro oferecendo um uísque.

Fabiano tomou o caubói e rumou para o teatro perdido em suposições.

Frente a um banco, uma mulher gorda e com uma roupa imunda suplicou-lhe:

− Me dá um dinheiro pra comprar pão?

− A lei me proíbe de me referir a você. Como se adiantasse.

A mulher estendia a mão, incrédula. Fabiano puxou uma nota e entregou com repugnância. No escritório, rabiscou no caderno de pauta: paupérrimo triunfa. Anseios do mundo. Escreveu indeciso. Divagou. Pobre, rico, que dupla. Duo de cantores. Assim, criou outras duplas inclusivas, tais como, criminoso e honesto, ninfomaníaco e casto. Deu uma gargalhada nervosa. Quiçá, leviana e carola, pederasta e ateu. Nestes termos, seria fuzilado. Engendrou trocadilhos, fitou longo tempo um flamingo desenhado na janela oval. Depois, levantou-se e foi ao banho.

Na hora fatídica, o assistente emitiu os informes.

− Fabiano, entra em quinze minutos.

− Estou pronto, balbuciou.

Rememorou a conversa com o advogado, fez cortes necessários, ensaiou e entrou em cena.

− Sabe aquela doença que só tem na Ucrânia?

O público permaneceu indiferente.

− Não? Traumatismo ucraniano.

Na sequência, criminosos e ninfomaníacos passeavam pela imaginação do público. Depois de uma hora de esforços, o comediante percebeu o desastre. Apenas um velho ensandecido gargalhava e aplaudia de pé. Observou a primeira fila: caras fechadas, silêncio. Com o lenço, enxugou o suor que escorria pela testa. Ao lado, o assistente fazia sinal para abortar.

Agradeceu finalizando, saiu e passou reto. No corredor, viu a decepção no rosto da equipe. Entrou na sala, bateu a porta, pegou uma garrafa de uísque e ligou para o advogado. Não atendeu. Meia hora depois, três batidas na porta vermelha interromperam seu acesso de raiva.

− Abra, é a polícia.

Hesitou um instante. Lá fora, dois policiais bigodudos com distintivos polidos.

− Fabiano Novaes? O senhor está preso.

− Preso?

− Estás enquadrado no delito de despertar reações inadequadas nos espectadores.




Algemado, sorriso de satisfação, Fabiano foi levado para o distrito. De lá, ligou para o governador sem sucesso. 
fonte:http://matematicablog.zip.net/contos/ 
Camily Sousa 

Malba Tahan

Malba Tahan

Publicou ao longo de sua vida cerca de 120 livros sobre Matemática Recreativa, Didática da Matemática, História da Matemática e Literatura infanto-juvenil, atingindo tiragem de mais de 2 milhões de exemplares. Seu primeiro livro - Contos de Malba Tahan - foi publicado em 1925.

Sua obra mais popular, O Homem que Calculava (mais de 40 edições) conta a história de um árabe que em suas andanças pelo deserto usa a matemática para resolver problemas característicos da cultura árabe. Foi premiada pela Academia Brasileira de Letras quando de sua 25ª edição em 1972. Traduzida para vários idiomas, foi editada nos últimos 5 anos na Espanha, EUA e Alemanha. Sua vida e obra foi objeto de recente matéria na conceituada revista Science (EUA, set. 93).

Sua importância na história da literatura e da educação brasileira é incontestável tendo sido lido, aclamado e reconhecido por gerações inteiras durante os últimos 70 anos. Em 1952, o presidente da República publicou um decreto oficial que permitiu ao cidadão Júlio César de Mello e Souza o uso legal do pseudônimo Malba Tahan.



Malba Tahan é ao lado de Sam Loyd, Yakov Perelman e Martin Gardner, um dos mais importantes recreacionistas e popularizadores da Matemática de todo o mundo.

A obra de Malba Tahan deve ser encarada como obra clássica por sua contínua atualidade. Em sua obra, sólida e visionária, é sempre possível encontrar respostas, indagações ou reflexões sobre problemas atuais do ensino brasileiro, em especial do ensino da Matemática.

O resgate da memória e da obra de Malba Tahan é de grande oportunidade para o momento, devido a sua importância no campo da Educação Matemática. 

Os recentes avanços da Educação Matemática no cenário brasileiro e internacional tem recomendado, através de congressos e revistas especializadas, transformações metodológicas e curriculares presentes na obra de Malba Tahan. Entre as principais propostas, em debate ou implantação nos atuais programas curriculares, merecem destaque aquelas que podem ser aprofundadas através da obra de Malba Tahan:
 Um ensino centrado na Resolução de Problemas significativos;
 Atenção às aplicações realistas;
 Abordagem histórica da Matemática;
 Utilização de Jogos e Materiais Concretos;
 Uso e disseminação do Laboratório de Matemática;
 Exploração de atividades lúdicas e recreativas no ensino;
 Uso do texto literário no ensino de Matemática.

Em homenagem ao centenário de seu nascimento ocorrido no ano de 1995 a Câmara Municipal da cidade de São Paulo e a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criaram o Dia da Matemática a ser comemorado todo dia 6 de maio através de eventos, trabalhos, feiras, teatro, leituras, exposições escolares e outras atividades.

Fonte:http://www.matematicahoje.com.br/telas/cultura/historia/educadores.asp?aux=A



Contos Matemáticos

Salim, o mágico

Os leitores de Júlio César de Mello e Souza, o Malba Tahan, acostumaram-se com o seu mundo de mistérios e emoção — habitado por odaliscas, xeiques e beduínos —que, em meio à fantasia, ensinou gerações a aprender matemática. Mas quem poderia imaginar que Malba Tahan, em plena ditadura militar, tenha escrito um livro que, na forma de uma fábula adulta, criticava duramente a políticos famosos, generais de pijama e ao próprio governo? Escrever Salim, o mágico foi um gesto de coragem. Na década de 1970, quando a liberdade de expressão fora banida deste país, Malba Tahan, publicou as histórias de um modesto cordoeiro de Damasco que, devido ao mais puro acaso, transforma-se num famoso mágico, durante o reinado de um glorioso califa. O romance oriental sírio-libanês seria mais uma das fantásticas histórias juvenis do mestre se a intenção do corajoso professor não fosse denunciar a corrupção, "o jeitinho brasileiro", as benesses e as manobras dos nossos políticos. Nos títulos dos capítulos, a crítica é incisiva: "A nossa polícia não dorme", "As façanhas de Lacerta", "O capitão e os generais reformados", "O camelo de chapa branca" ou "O capitão fala dos esquerdistas". Os personagens — generais de pijama, chefes de polícia, políticos, presidentes — são facilmente reconhecíveis: Lacerta desejava apoderar-se do governo de El-Raslib. Interessava-o o poder. Que fez então? Sendo muito jovem, orador brilhante e escritor imaginoso e fluente [...] armou Lacerta uma intriga tão grave e aviltante contra o xeique Etchag que este, desesperado, abandonado pelos amigos, pelos parentes e até pelos militares, viu-se obrigado a deixar o cargo de governador. E como era um homem brioso, de boa fibra moral, não suportou o vexame da derrota política e praticou o suicídio." Outro personagem era "um gramático de certo prestígio chamado Moslaha Djehnem, apelidado Hakma, também chamado o Vassoura, homem magro, de voz esganiçada. A princípio, tudo correu bem. O povo confiava na capacidade de Hakma e julgava-o, por sua viva sensibilidade e firmeza, capaz de salvar o país dos contrabandistas, liquidar com os falsários e exilar os xeiques corruptos. (...) Fui um dos muitos que acreditaram nele. Confesso, agora profundamente envergonhado. Para descrever a corrupção da época, Malba Tahan não mede as palavras e suas descrições continuam extremamente atuais: "Sabemos, por outro lado, de austeros e circunspectos muçulmanos que ingressam num cargo público (de salário modesto) e deixam esse cargo, no fim de algum tempo, ricos, principescamente ricos. Citarei, apenas, dois exemplos: o governador Al-Demar Ben Lick, do Hedjaz, e o general Torak Hanifa, que foi prefeito em Alepo. Estão ambos riquíssimos. Para os generais, as críticas mais irônicas: — E o senhor não acha excessivo, para o nosso país, esse número fabuloso de generais reformados, de almirantes e coronéis inativos? — arriscou, muito tímido, na sua ingenuidade, o cordoeiro Salim. De forma alguma — contestou, com veemência, o capitão numa labareda de entusiasmo — De forma alguma. Precisamos triplicar ou quintuplicar esse número. Sim, disse bem: quintuplicar! Júlio César de Mello e Souza — o escritor Malba Tahan — nasceu no dia 6 de maio de 1895. Natural do Rio de Janeiro, passou a infância em Queluz, cidade do interior de São Paulo. Formou-se em engenharia na Escola Politécnica. Foi, por mais de sessenta anos, professor. Deu aulas de História, Geografia, Física, mas foi a temida Matemática que lhe trouxe fama e prestígio. O pseudônimo surgiu com a união do nome de um oásis do Iêmen, Malba, com o sobrenome de uma aluna, Tahan que significa moleiro.

Fonte:http://www.fnac.com.br/salim-o-magico/p/223094


Problemas de Malba Tahan


AS NOVENTA MAÇÃS
Um camponês tinha três filhas, e como quisesse, certa vez, pôr à prova a inteligência das jovens, chamou-as e disse-lhes: — Aqui estão 90 maçãs que vocês deverão vender no mercado. Maria, que é a mais velha, levará 50; Clara receberá 30, e Lúcia ficará com as 10 restantes. Se Maria vender 7 maçãs por um tostão, as outras deverão vender também pelo mesmo pre- ço, isto é, 7 maçãs por um tostão; se Maria resolver vender a 300 réis cada uma, será esse o preço pelo qual Clara e Lúcia deverão vender as maçãs que possuírem. O negócio deve ser feito de modo que todas as três apurem, com a venda das maçãs, a mesma quantia. — E eu não posso dar de presente algumas das maçãs que levo? — perguntou Maria. — De modo algum — replicou o velho camponês. — A condição por mim imposta é essa: Maria deve vender 50, Clara deve vender 30, e Lúcia só poderá vender 10. E pelo preço que Maria vender, as outras devem também vender. Façam a venda de modo que apurem, no final, quantias iguais. 

Solução Maria iniciou a venda fixando o preço de 7 maçãs por um tostão. Vendeu desse modo 49 maçãs, ficando com uma de resto, e apurou nessa primeira venda 700 réis. Clara, obrigada a ceder as maçãs pelo mesmo preço, vendeu 28 por 400 réis, ficando com duas de resto. Lúcia, que dispunha de 10 maçãs, vendeu sete por um tostão ficando com 3 de resto. A seguir, Maria vendeu a maçã com que ficara por 300 réis. Clara, segundo a condição imposta pelo pai, vendeu as duas ma- çãs que ainda possuía pelo novo preço, isto é, a 300 réis cada uma, obtendo 600 réis, e Lúcia vendeu as três maçãs de resto por 900 réis, isto é, também a 300 réis cada uma. Terminado o negócio, como é fácil verificar, cada uma das moças apurou l$000.

Fonte:http://www.sjt.com.br/tecnico/gestao/arquivosportal/Malba%20Tahan%20-%20Matematica%20Divertida%20e%20Curiosa.pdf

Aluna:Mirna Maria Barbosa Sarmento


A MATEMÁTICA DO BOLO

Depois que fatiou o pequeno bolo, o colocou em uma bandeija de plástico e cobriu com a tampa. Deu banho nos meninos e os pôs para dormir. Não demoraria voltar, seria apenas o tempo que duraria o recreio de uma escola pública próximo à sua casa.

Dirigiu-se ao colégio esperançosa, aquele bolo não era apenas o resultado de suas últimas moedas, ele marcava o início de um negócio grandioso e uma oportunidade para seus três filhos pequenos. Tudo o que tentara fazer não encontrava êxito. Impossível seria encontrar emprego sendo semi-analfabeta e o seu joelho enfermo já não aguentava o serviço de faxina. Por enquanto sobrevivia do auxílio de programas sociais do governo, mas naquele dia resolveu investir sua última economia que seria a sua refeição.

No caminho podia vizualizar o fermento de sua idéia. Hoje 12 fatias de bolo, amanhã em vez de desfrutar de algum lucro investiria em mais dois e assim, teria o dobro do que arrecadaria hoje. Depois levaria suco, com certeza as pessoas iriam querer lanche completo. Animava-se com o que conseguiria com suas vendas. Em breve ela faria mais bolo e não precisaria deixar os filhos sozinhos em casa, poderia retirar alguma verba para pagar algum menino para vender em seu lugar. Pelos cálculos que fazia poderia em breve levar mais opções de lanche e logo precisaria alugar algum ponto. Compraria os equipamentos para erguer sua padaria e lanchonete. Algo simples no mesmo lugar, mas que traria bastante renda para seu lar.

Podia imaginar as novas roupas das crianças, não precisaria mais pechinchar em algum brechó, roupas usadas por outras pessoas. Almejava poder entrar em um shopping e comprar aquelas roupas alegres que ela tanto namorava. Ofereceria oportunidade de estudo às suas crianças em uma boa escola. Alegrava-se em saber que não teria mais de dizer “agora não”, quando um filho dissesse que estava com fome. Poderia consertar pelo menos a porta da casa que não fechava, embora não tivesse o que ser roubado, ela temia por sua segurança. Realizaria o sonho de entrar em um cinema, enfim os cálculos que fazia com o resultado das vendas daquelas fatias de bolo lhe abriria caminho para a felicidade.

Ao chegar no portão principal do colégio, onde ficaria com sua bandeija à espera dos alunos, deparou-se com um grande número de vendedores, talvez com os mesmos problemas, talvez com os mesmos sonhos. Foi empurrada por alguns ao som de “aqui é o meu lugar”, “o que você está fazendo aqui?”, “é bom proucurar outro ponto para você”… Os alunos preferiam comprar lanche na mão de pessoas conhecidas mesmo assim conseguiu vender três fatias.

Voltou para casa e à noite jantou juntamente com seus filhos as 9 fatias que sobrara das vendas. Foi para a rede, chorou muito, fechou os olhos e dormiu.

Fonte:
https://gerlandy.wordpress.com/a-matematica-do-bolo/

Postado por: Tiago Barbosa dos Santos


                                       MALBA TAHAN





Malba Tahan é o pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza, nascido em 06/05/1895 no Rio de Janeiro, viveu em Queluz e morreu no Recife em 17/05/1974. Professor Emérito da Faculdade Nacional de Arquitetura, do Instituto de Educação do Distrito Federal e docente por concurso do Colégio D. Pedro II.

Publicou ao longo de sua vida cerca de 120 livros sobre Matemática Recreativa, Didática da Matemática, História da Matemática e Literatura infanto-juvenil, atingindo tiragem de mais de 2 milhões de exemplares. Seu primeiro livro - Contos de Malba Tahan - foi publicado em 1925.

Sua obra mais popular, O Homem que Calculava (mais de 40 edições) conta a história de um árabe que em suas andanças pelo deserto usa a matemática para resolver problemas característicos da cultura árabe. Foi premiada pela Academia Brasileira de Letras quando de sua 25ª edição em 1972. Traduzida para vários idiomas, foi editada nos últimos 5 anos na Espanha, EUA e Alemanha. Sua vida e obra foi objeto de recente matéria na conceituada revista Science (EUA, set. 93).

Sua importância na história da literatura e da educação brasileira é incontestável tendo sido lido, aclamado e reconhecido por gerações inteiras durante os últimos 70 anos. Em 1952, o presidente da República publicou um decreto oficial que permitiu ao cidadão Júlio César de Mello e Souza o uso legal do pseudônimo Malba Tahan.


Malba Tahan é ao lado de Sam Loyd, Yakov Perelman e Martin Gardner, um dos mais importantes recreacionistas e popularizadores da Matemática de todo o mundo.

A obra de Malba Tahan deve ser encarada como obra clássica por sua contínua atualidade. Em sua obra, sólida e visionária, é sempre possível encontrar respostas, indagações ou reflexões sobre problemas atuais do ensino brasileiro, em especial do ensino da Matemática.

O resgate da memória e da obra de Malba Tahan é de grande oportunidade para o momento, devido a sua importância no campo da Educação Matemática.

Os recentes avanços da Educação Matemática no cenário brasileiro e internacional tem recomendado, através de congressos e revistas especializadas, transformações metodológicas e curriculares presentes na obra de Malba Tahan. Entre as principais propostas, em debate ou implantação nos atuais programas curriculares, merecem destaque aquelas que podem ser aprofundadas através da obra de Malba Tahan:
 Um ensino centrado na Resolução de Problemas significativos;
 Atenção às aplicações realistas;
 Abordagem histórica da Matemática;
 Utilização de Jogos e Materiais Concretos;
 Uso e disseminação do Laboratório de Matemática;
 Exploração de atividades lúdicas e recreativas no ensino;
 Uso do texto literário no ensino de Matemática.

Em homenagem ao centenário de seu nascimento ocorrido no ano de 1995 a Câmara Municipal da cidade de São Paulo e a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criaram o Dia da Matemática a ser comemorado todo dia 6 de maio através de eventos, trabalhos, feiras, teatro, leituras, exposições escolares e outras atividades.



fonte:http://www.matematicahoje.com.br/telas/cultura/historia/educadores.asp?aux=A
Beatriz Ferreira

MALBA TAHAN



O escritor Malba Tahan, heterônimo de Júlio César de Mello e Souza, nasceu em 6 de maio de 1895, na cidade do Rio de Janeiro. Formou-se em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia, mas que nunca exerceu essa profissão. Sua grande paixão era lecionar matemática no Colégio Pedro II, onde criou uma nova metodologia para tornar a matéria mais interessante e de fácil assimilação pelos alunos. Entretanto não foram essas atividades e nem mesmo o seu real nome que notabilizou Julio César de Mello e Souza. Apesar de não ser árabe e de nunca ter ido ao oriente médio, dedicou-se a estudar a língua, filosofia e cultura dessa sociedade. Assim surgiu seu mais famoso pseudônimo: Ali Iezid Izz-Eduim Ibn Salim Hank Malba Tahan, ou simplesmente Malba Tahan.

Ali Iezid  Izz-Edim  Ibn Salim Hank Malba Tahan, segundo pequena biografia escrita por Júlio César de Mello e Souza, nasceu em 6 de maio de 1885 na aldeia de Muzalit. Ainda muito jovem foi nomeado prefeito de El Medina. Seguiu seus estudos por Istambul e Cairo até receber uma herança de seu pai e resolver viajar pelo mundo. Este morreu em 1921, em uma batalha pela liberdade de uma minoria da região da Arábia Central.
Ele criou o personagem Malba Tahan por acreditar que um escritor brasileiro não chamaria atenção escrevendo contos árabes. Para dar mais verossimilhança à história criou também um tradutor para os livros, o Professor Breno Alencar Bianco.Júlio César de Mello e Souza, com o nome de Malba Tahan, escreveu mais de 55 livros, entre eles "O homem que calculava", "Maktu" e  "Lendas do oási".
"O homem que calculava" é o seu livro mais conhecido. No estilo de "As mil e uma noites", Malba Tahan conta a história do calculista persa Beremiz Samir que em viagem até Bagdá mostra suas incríveis habilidades em solucionar problemas matemáticos.
Morreu no dia 18 de junho de 1974, vítima de um ataque cardíaco.





Camily Sousa

Fonte:http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bibliotecas_m_z/malbatahan/index.php?p=5255
O VOTO 

- Vota em mim? 
- Nada.
- Quer quanto? 
- Quer me comprar?
- Vintão.
- Bandido, tu vai roubar muito.
- Quarentão. 
- Desviar verba de hospital.
- Cinquentão.
- Fraudar licitação.
- Sessentão.
- Passa aí. 

http://matematicablog.zip.net/contos/

Ester Teles 



MALBA TAHAN







O escritor Malba Tahan, heterônimo de Júlio César de Mello e Souza, nasceu em 6 de maio de 1895, na cidade do Rio de Janeiro. Formou-se em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia, mas que nunca exerceu essa profissão. Sua grande paixão era lecionar matemática no Colégio Pedro II, onde criou uma nova metodologia para tornar a matéria mais interessante e de fácil assimilação pelos alunos. 

Entretanto não foram essas atividades e nem mesmo o seu real nome que notabilizou Julio César de Mello e Souza. Apesar de não ser árabe e de nunca ter ido ao oriente médio, dedicou-se a estudar a língua, filosofia e cultura dessa sociedade. Assim surgiu seu mais famoso pseudônimo: Ali Iezid Izz-Eduim Ibn Salim Hank Malba Tahan, ou simplesmente Malba Tahan.
 
Ali Iezid  Izz-Edim  Ibn Salim Hank Malba Tahan, segundo pequena biografia escrita por Júlio César de Mello e Souza, nasceu em 6 de maio de 1885 na aldeia de Muzalit. Ainda muito jovem foi nomeado prefeito de El Medina. Seguiu seus estudos por Istambul e Cairo até receber uma herança de seu pai e resolver viajar pelo mundo. Este morreu em 1921, em uma batalha pela liberdade de uma minoria da região da Arábia Central.



Ele criou o personagem Malba Tahan por acreditar que um escritor brasileiro não chamaria atenção escrevendo contos árabes. Para dar mais verossimilhança à história criou também um tradutor para os livros, o Professor Breno Alencar Bianco.

Júlio César de Mello e Souza, com o nome de Malba Tahan, escreveu mais de 55 livros, entre eles "O homem que calculava", "Maktu" e  "Lendas do oási".

"O homem que calculava" é o seu livro mais conhecido. No estilo de "As mil e uma noites", Malba Tahan conta a história do calculista persa Beremiz Samir que em viagem até Bagdá mostra suas incríveis habilidades em solucionar problemas matemáticos.

Morreu no dia 18 de junho de 1974, vítima de um ataque cardíaco.
 

CONTO



OS TRINTA E CINCO CAMELOS - Malba Tahan

Poucas horas havia que viajávamos sem interrupção, quando nos ocorreu uma aventura digna de registro, na qual meu companheiro Beremiz, com grande talento, pôs em prática as suas habilidades de exímio algebrista.
Encontramos, perto de um antigo caravançará meio abandonado, três homens que discutiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios, gritavam possessos, furiosos:
— Não pode ser!
— Isto é um roubo!
— Não aceito!
O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava.
— Somos irmãos — esclareceu o mais velho — e recebemos como herança esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo eu receber a metade, o meu irmão Hamed Namir uma terça parte, e ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos. A cada partilha proposta, segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio! Como fazer a partilha, se a terça parte e a nona parte de 35 também não são exatas?
— É muito simples — atalhou o “homem que calculava”. — Encarregar-me-ei de fazer com justiça essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal, que em boa hora aqui nos trouxe.
Neste ponto, procurei intervir na questão:
— Não posso consentir em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viagem, se ficássemos sem o nosso camelo?
— Não te preocupes com o resultado, ó “bagdali”! — replicou-me, em voz baixa, Beremiz. — Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás, no fim, a que conclusão quero chegar.
Tal foi o tom de segurança com que ele falou, que não tive dúvida em entregar-lhe o meu belo jamal, que imediatamente foi reunido aos 35 ali presentes, para serem repartidos pelos três herdeiros.
— Vou, meus amigos — disse ele, dirigindo-se aos três irmãos — fazer a divisão justa e exata dos camelos, que são agora, como vêem, em número de 36.
E voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:
— Deves receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade de 36, ou seja, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão.
Dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:
— E tu, Hamed Namir, devias receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação.
E disse, por fim, ao mais moço:
— E tu, jovem Harim Namir, segundo a vontade de teu pai, devias receber uma nona parte de 35, isto é, 3 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 4. O teu lucro foi igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo resultado.
Numa voz pausada e clara, concluiu:
— Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir — partilha em que todos os três saíram lucrando — couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um total de 34 camelos. Dos 36 camelos sobraram, portanto, dois. Um pertence, como sabem, ao “bagdali” meu amigo e companheiro; outro, por direito, a mim, por ter resolvido a contento de todos o complicado problema da herança.
— Sois inteligente, ó estrangeiro! — confessou, com admiração e respeito, o mais velho dos três irmãos. — Aceitamos a vossa partilha, na certeza de que foi feita com justiça e eqüidade.
E o astucioso Beremiz — o “homem que calculava” — tomou logo posse de um dos mais belos camelos do grupo, e disse-me, entregando-me pela rédea o animal que me pertencia:
— Poderás agora, meu amigo, continuar a viagem no teu camelo manso e seguro. Tenho outro, especialmente para mim.
E continuamos a nossa jornada para Bagdá.

FONTE:http://contosbemcontados.blogspot.com.br/2008/06/os-trinta-e-cinco-camelos-malba-tahan.html

ALUNA: Ana Kelly Dantas Aguiar




Poucas horas havia que viajávamos sem interrupção, quando nos ocorreu uma aventura digna de registro, na qual meu companheiro Beremiz, com grande talento, pôs em prática as suas habilidades de exímio algebrista.
Encontramos, perto de um antigo caravançará meio abandonado, três homens que discutiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios, gritavam possessos, furiosos:— Não pode ser!— Isto é um roubo!— Não aceito!O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava.— Somos irmãos — esclareceu o mais velho — e recebemos como herança esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo eu receber a metade, o meu irmão Hamed Namir uma terça parte, e ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos. A cada partilha proposta, segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio! Como fazer a partilha, se a terça parte e a nona parte de 35 também não são exatas?— É muito simples — atalhou o “homem que calculava”. — Encarregar-me-ei de fazer com justiça essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal, que em boa hora aqui nos trouxe.Neste ponto, procurei intervir na questão:— Não posso consentir em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viagem, se ficássemos sem o nosso camelo?— Não te preocupes com o resultado, ó “bagdali”! — replicou-me, em voz baixa, Beremiz. — Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás, no fim, a que conclusão quero chegar.Tal foi o tom de segurança com que ele falou, que não tive dúvida em entregar-lhe o meu belo jamal, que imediatamente foi reunido aos 35 ali presentes, para serem repartidos pelos três herdeiros.— Vou, meus amigos — disse ele, dirigindo-se aos três irmãos — fazer a divisão justa e exata dos camelos, que são agora, como vêem, em número de 36.E voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:— Deves receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade de 36, ou seja, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão.Dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:— E tu, Hamed Namir, devias receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação.E disse, por fim, ao mais moço:— E tu, jovem Harim Namir, segundo a vontade de teu pai, devias receber uma nona parte de 35, isto é, 3 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 4. O teu lucro foi igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo resultado.Numa voz pausada e clara, concluiu:— Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir — partilha em que todos os três saíram lucrando — couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um total de 34 camelos. Dos 36 camelos sobraram, portanto, dois. Um pertence, como sabem, ao “bagdali” meu amigo e companheiro; outro, por direito, a mim, por ter resolvido a contento de todos o complicado problema da herança.— Sois inteligente, ó estrangeiro! — confessou, com admiração e respeito, o mais velho dos três irmãos. — Aceitamos a vossa partilha, na certeza de que foi feita com justiça e eqüidade.E o astucioso Beremiz — o “homem que calculava” — tomou logo posse de um dos mais belos camelos do grupo, e disse-me, entregando-me pela rédea o animal que me pertencia:— Poderás agora, meu amigo, continuar a viagem no teu camelo manso e seguro. Tenho outro, especialmente para mim.E continuamos a nossa jornada para Bagdá.

http://contosbemcontados.blogspot.com.br/2008/06/os-trinta-e-cinco-camelos-malba-tahan.html

MARCOS ANTÔNIO ANDRADE SANTOS
Matemática



      A Matemática está presente em diversas situações, se olharmos ao nosso redor podemos notar sua presença nos contornos, nas formas dos objetos, nas medidas de comprimento, na escola, em casa, no lazer e nas brincadeiras. Seu desenvolvimento está ligado à pesquisa, ao argumento, ao interesse por descobrir o novo, investigar situações, é a ciência do raciocínio lógico.

     Desde a Antiguidade, a necessidade do homem de relacionar os acontecimentos naturais ao seu cotidiano despertou o interesse pelos cálculos e números. O surgimento do sistema de numeração decimal provocou um enorme avanço no desenvolvimento da Matemática, pois as teorias e aplicações podiam basear-se nos números, na busca por teses e comprovações.

     Atualmente, a Matemática consiste na ciência mais importante do mundo moderno, sendo abordada desde as séries iniciais. Sua relação com o cotidiano exige das pessoas um conhecimento mais amplo da disciplina, por isso devemos dar uma maior atenção ao seu estudo na escola.

     Algumas de suas aplicações estão relacionadas a financiamentos, compras parceladas, operações comerciais de compra e venda, construções, investimentos financeiros, aplicações bancárias, cálculos operatórios básicos, entre outros.

Fonte : http://www.alunosonline.com.br/matematica/
Aluna : Beatriz Ferreira

A presença da Matemática em nosso cotidiano


A Matemática é fundamental em nosso dia-a-dia. Atualmente, com os avanços científicos e tecnológicos e a criação de novas áreas de conhecimento, mais do que nunca a matemática torna-se necessárias. Ela esta sendo usada com muita frequência em nosso cotidiano.
Não são necessários muitos argumentos para convencer as pessoas sobre a importância da matemática em nossas vidas. Sabe-se o valor que os números e as operações numéricas têm na vida da maioria das pessoas, e também, a matemática tem se tornado indispensável para o cotidiano do ser humano,pois, está presente na sociedade desde os tempos mais remotos, e, a cada dia que passa está se expandindo mais e mais. Chegou o momento em que a humanidade percebeu que não dá pra viver sem os conhecimentos matemáticos, ou seja, a Matemática desempenha um papel de fundamental importância nos âmbitos da sociedade, desde uma simples compra de um produto, até as mais complexas situações cotidianas.Dessa maneira é notável a presença da matemática e a utilidade dela no meio em que vivemos.
Índice:http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/a-Import%C3%A2ncia-Da-Matem%C3%A1tica-Em-Nosso/39024118.html
postado por :Fabio Santos


A presença da Matemática em nosso cotidiano


A Matemática é fundamental em nosso dia-a-dia. Atualmente, com os avanços científicos e tecnológicos e a criação de novas áreas de conhecimento, maisdo que nunca a matemática torna-se necessárias. Ela esta sendo usada com muita frequência em nosso cotidiano.
Não são necessários muitos argumentos para convencer as pessoas sobre a importância damatemática em nossas vidas. Sabe-se o valor que os números e as operações numéricas têm na vida da maioria das pessoas, e também, a matemática tem se tornado indispensável para o cotidiano do ser humano,pois, está presente na sociedade desde os tempos mais remotos, e, a cada dia que passa está se expandindo mais e mais. Chegou o momento em que a humanidade percebeu que não dá pra viver sem osconhecimentos matemáticos, ou seja, a Matemática desempenha um papel de fundamental importância nos âmbitos da sociedade, desde uma simples compra de um produto, até as mais complexas situações cotidianas.Dessa maneira é notável a presença da matemática e a utilidade dela no meio em que vivemos



FONTE:http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/a-Import%C3%A2ncia-Da-Matem%C3%A1tica-Em-Nosso/39024118.html

ALUNA: Ana Kelly Dantas Aguiar 

MALBA TOHAN 



O professor de matemática Júlio César de Melo e Sousa nasceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de maio de 1895, filho de João de Deus de Melo e Sousa e de Carolina Carlos de Melo e Sousa, em uma família de oito filhos, criados com dificuldade pelos pais.
O escritor árabe Ali Iezid Izz-Edim Ibn Salim Hank Malba Tahan - mais conhecido como Malba Tahan -, nasceu dez anos antes, em 1885, na Península Arábica, em uma aldeia conhecida como Muzalit, próxima do centro islâmico dos muçulmanos, a cidade de Meca. Ao longo de sua trajetória, ele foi convidado pelo emir Abd el-Azziz ben Ibrahim a ocupar o posto de queimaçã, ou seja, prefeito, de El-Medina, município da Arábia. Ele realizou seus estudos em Constantinopla e no Cairo. Com apenas 27 anos se tornou detentor de grande herança paterna e passou a viajar pelo Japão, Rússia e Índia. Malba faleceu em 1921, no auge de um combate pela independência de uma tribo da Arábia Central.
Mas o que há de comum entre Júlio César, o matemático brasileiro, e Malba Tahan, o escritor árabe? Embora pareça não haver nenhuma conexão, ambos são na verdade a mesma pessoa. Malba Tahan é o heterônimo ou o pseudônimo de que se vale o professor para criar suas histórias. Tamanha é a sua criatividade que ele mesmo inventou sua biografia fictícia, além dos inúmeros contos semelhantes aos enredos das Mil e Uma Noites. Aproveitando o contexto, ele também disseminou amplamente a Matemática através de suas obras. O escritor recebeu inclusive a concessão especial do então Presidente Getúlio Vargas para ter seu heterônimo impresso em sua carteira de identidade.
Júlio cresceu na pequena cidade paulista chamada Queluz, revelando precocemente sua natureza criativa e única. Suas histórias, já elaboradas durante a infância, eram povoadas de personagens com nomes estranhos, como Mardukbarian, Protocholóski ou Orônsio. Em 1905 ele voltou para sua terra natal com o objetivo de estudar; neste período ele frequentou o Colégio Militar e o Colégio Pedro II. Posteriormente, em 1913, ingressou na Faculdade de Engenharia Civil da Escola Politécnica.
Mais tarde, como professor, transformava a sala de aula em um palco, no qual atuava de forma brilhante, conquistando a atenção e a admiração de seus alunos com uma metodologia criada por ele mesmo e voltada para o aprendizado concretizado através do entretenimento, distante das aulas tediosas e intencionalmente complexas de grande parte dos professores desta disciplina, didática vivamente criticada por Júlio César.
Sua imaginação era ilimitada, o que se manifestava tanto em seus romances e contos, quanto na área da educação. Em seu livro mais conhecido, O Homem que Calculava, ele apresenta, por meio das proezas de um personagem persa que se devota aos cálculos matemáticos, uma infinidade de questões e desafios matemáticos, seguindo o estilo das narrativas de Mil e Uma Noites. Monteiro Lobato foi um dos grandes escritores que se apaixonaram por este livro, profetizando sua imortalidade na história da literatura.
Os contos de Malba normalmente se passavam no Oriente, como seria de se esperar de seu heterônimo. O matemático e escritor estava sempre à frente de seu tempo, sendo muitas vezes incompreendido. Hoje sua atuação na educação começa a ser revista e valorizada. Neste esforço de reconhecimento da sua obra, foi fundado o Instituto Malba Tahan, em 2004, na cidade de Queluz, visando retomar seu trabalho, desenvolvê-lo e conservar na memória sua herança cultural, mantendo-a viva e ativa. Também em sua honra o dia 6 de maio, que marca seu nascimento, foi estabelecido como o Dia da Matemática pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
Júlio César morreu no dia 18 de junho de 1974, vítima de um ataque cardíaco no hotel em que se encontrava hospedado, no Recife, depois de uma última palestra. Como arremate final de sua imaginação, deixou prescritas várias orientações para a realização de seu enterro – a mensagem em sua homenagem, o caixão de terceira classe, flores enviadas por alguém desconhecido, oculto no anonimato, sem coroas, luto ou discursos.

http://www.infoescola.com/biografias/malba-tahan/

Ester Teles 

O PROBLEMA DAS OITO CAIXAS - Malba Tahan

O PROBLEMA DAS OITO CAIXAS - Malba Tahan

Segundo uma lenda muito antiga, o célebre Califa Al Motacém Billah, rei dos árabes, chamou certa manhã o astucioso Sabag, seu vizir-tesoureiro, e disse-lhe em tom grave, como se ditasse uma sentença irrevogável:
— Dentro de poucas horas, meu caro vizir, receberei a visita do jovem Beremisz Samir, apelidado “o homem que calculava”. Não ignoras, certamente, que o talentoso Beremiz tem deslumbrado esta nossa gloriosa Bagdá com inequívocas demonstrações de seu incomparável engenho e de sua agudíssima inteligência. Os enigmas mais intrincados, os cálculos mais difíceis são, pelo exímio matemático, explicados e resolvidos em rápidos momentos. É meu desejo presentear o ilustre Beremiz com avultada quantia. Gostaria, entretanto, de experimentar também a tão elogiada argúcia do calculista, propondo-lhe durante a nossa entrevista um problema que seja relacionado, de certo modo, com o prêmio que lhe darei em moedas de ouro. Um problema que deixasse o nosso visitante encantado, é verdade, mas também perplexo e confuso.
O vizir Sabag não era homem que se deixasse entibiar diante dos caprichos e fantasias do poderoso emir. Depois de ouvir, cabisbaixo e pensativo, as palavras do rei, ergueu o rosto bronzeado, fitou serenamente o glorioso califa, e assim falou:
— Escuto e obedeço, ó Príncipe dos Crentes! Pelo tom de vossas palavras, adivinho perfeitamente o rumo seguido pela caravana de vossas intenções. É vosso desejo premiar um sábio geômetra com valiosa quantia. Ressalta, dessa intenção, a generosidade sem par de vosso coração. Quereis, entretanto, que este prêmio seja exornado com um problema original e inédito, capaz de surpreender o mais engenhoso dos matemáticos e de encantar o mais delicado dos filósofos. Essa lembrança põe em relevo a elegância de vossas atitudes, pois o visitante, ao ser argüído diante da corte, poderá mais uma vez demonstrar a pujança de seu engenho e o poderio de sua cultura.
Proferidas tais palavras, retirou-se o vizir para a sua sala de trabalho. Decorrido algum tempo, voltou à presença do rei, precedido de dois escravos núbios que conduziam pesada bandeja de prata. Repousavam sobre a bandeja oito caixas de madeira, todas do mesmo tamanho, numeradas de um até oito.
Não pequeno foi o espanto do califa de Bagdá ao ver aquele singular aparato. Qual seria a razão de ser daquelas caixas numeradas de um até oito? Que mistério, no domínio das contas e dos cálculos, poderiam elas envolver? Cheiques e nobres, que se achavam ao lado do rei, entreolhavam-se espantados.
Cabia ao honrado Sabag, ministro da corte, explicar o porquê daquela estranha preparação. Ouçamos, pois, o relato feito pelo digno vizir:
— Cada uma dessas caixas contém um certo número de moedas. O total contido nas caixas é o prêmio que será oferecido ao calculista. As caixas, como podeis observar, estão numeradas de um até oito, e dispostas segundo o número de moedas que cada uma contém. Para esse arranjo das caixas, adotei a ordem crescente. Assim, a caixa designada pelo número 1 encerra o menor número de moedas; vem depois a que é indicada pelo número 2; a seguir aparece a de número 3, e assim por diante até a última, que encerra o maior número de moedas. Para evitar qualquer dúvida, direi desde logo que não é possível encontrar duas caixas com o mesmo número de moedas.
O califa, seriamente intrigado, interpelou o vizir:
— Não percebo, ó eloqüente Sabag, que problema seria possível formular com esses dinares distribuídos por oito caixinhas. Por Allah! Não percebo!
O vizir Sabag, quando moço, fora professor primário e havia aprendido, diante das classes, a ensinar os iletrados, a esclarecer as dúvidas dos menos atilados e dirimir as questões sugeridas pelos mais espertos. Firmemente resolvido a elucidar o glorioso soberano, o velho mestre-escola assim falou:
— Cumpre-me dizer, ó Rei do Tempo, que os dinares não foram distribuídos ao acaso pelas oito caixas. Cada caixa encerra um certo número de moedas. São ao todo, portanto, oito quantias em dinares. Com as quantias distribuídas pelas oito caixas, podemos fazer qualquer pagamento, desde um dinar até o número total contido nas oito caixas, sem precisar abrir nenhuma caixa ou tocar em moeda alguma. Basta separar, da coleção que se acha sobre a bandeja, uma, duas, três, quatro ou mais caixas, e será obtido o total desejado.
— Iallah! É curioso! — comentou maravilhado o emir. — Segundo posso inferir de tua explicação, o arranjo dos dinares, distribuídos pelas oito caixas, permite que se possa retirar do total a quantia que se quiser, sem violar nenhuma das caixas, sem remover moeda alguma?
— Isso mesmo! — confirmou pressuroso o vizir. — Digamos que fosse vosso desejo retirar, por exemplo, do total a quantia de 212 dinares. Nada mais simples. No grupo das oito caixas há algumas cujas porções nelas contidas perfazem a soma de 212. Consistirá a dificuldade do problema, para cada caso, em determinar as caixas que devem ser separadas, a fim de que se obtenha uma determinada quantia, pois o que se fez para 212 poder-se-á fazer para 200, 49, 157, ou qualquer número inteiro até o total de moedas.
Feita breve pausa, a fim de permitir que o rei pudesse fixar idéias e refletir sobre o caso, o inteligente vizir rematou:
— Eis, ó Comendador dos Crentes, em resumo, o problema que poderia ser proposto, diante da corte, ao genial calculista: “Sabendo que estas caixas, numeradas de um até oito, contêm dinares em números que não se repetem; sabendo-se também que é possível efetuar qualquer pagamento até o número total de moedas, sem abrir nenhuma caixa, pergunta-se:
1º - Quantas moedas contém, respectivamente, cada uma das caixas?
2º - Como determinar, por meio do raciocínio, matematicamente certo, a quantia contida em cada uma?
3º - Qual o número total de moedas?
4º - Será possível resolver o mesmo problema distribuindo-se as moedas por um número menor de caixas?”
O divã do califado, isto é, o salão real das audiências, achava-se repleto de nobres e convidados quando, pelo soar surdo e solene do gongo, foi anunciada a visita de Beremiz Samir, “o homem que calculava”. No centro do suntuoso recinto, sobre luxuoso tapete, foi colocada a bandeja com as oito caixas que iriam servir de base para o problema.
Al-Motacém Billah, Príncipe dos Crentes, que se achava em seu trono de ouro e púrpura, rodeado de seus vizires e cádis, dirigiu ao matemático amistosa saudação:
— Sê bem-vindo, ó Beremiz! Sê bem-vindo sob a inspiração de Allah! Que a tua presença neste divã seja motivo de júbilo para todos os nossos amigos, e que de tuas palavras possamos colher as tâmaras deliciosas da sabedoria que eleva as almas e purifica os corações.
Decorreu um momento de impressionante silêncio. Competia ao visitante agradecer aquela honrosa saudação. Inclinando-se Beremiz diante do rei, assim falou:
— Allah badique, ia Sidi! — Deus vos conduza, ó Chefe! Admiro, estimo e exalto aqueles que governam com justiça, bondade e sabedoria. É esse o vosso caso, ó Emir dos Árabes, e todos os vossos súditos proclamam essa verdade. A vossa justiça assegura o poderio do Estado; a vossa bondade cria preciosas dedicações; e a vossa sabedoria fortalece e perpetua a confiança do povo. Ai daqueles cujos governantes são sábios mas regem a vida pela injustiça das ações que praticam! Ai daqueles cujos chefes e dirigentes são justos mas desconhecem a bondade! E Allah, o Clemente, se compadeça daqueles que se acham sob o jugo de homens ignorantes, pérfidos e iníquos.
— As tuas palavras, ó calculista — respondeu o rei mansamente — são para mim como brincos de ouro e rubis. Servem-me de estímulo e enchem-me de orgulho. Vou, mais uma vez, abusar de tua gentileza. Será um encanto, não só para mim, como para todos os nobres, vizires e cheiques que aqui se acham, ouvir a tua palavra, a tua doutíssima opinião, sempre original e brilhante, sobre um problema aritmético que parece desafiar o engenho dos mais insignes matemáticos. Esse problema, formulado pelo vizir Sabag, poderia ser enunciado nos seguintes termos: “Sobre aquela bandeja estão oito caixas. Cada caixa contém um certo número de moedas, e não há duas caixas com o mesmo número de moedas. Afirma o vizir Sabag que a distribuição de moedas pelas oito caixas foi feita de modo a permitir que se possa, do total, destacar qualquer quantia, desde um dinar, sem abrir nenhuma caixa, isto é, sem tocar nas moedas. Resta agora determinar quantas moedas contém cada caixa e qual o total de moedas. Para facilitar a exposição, as caixas estão numeradas de um até oito, segundo a ordem crescente das quantias que encerram”.
E o califa rematou, depois de breve pausa:
— Como orientarias, ó calculista, a solução desse engenhoso problema?
Beremiz Samir, “o homem que calculava”, como bom súdito, não se fez de rogado. Cruzou lentamente os braços, baixou o rosto e pôs-se a meditar. Depois de coordenar as idéias, iniciou a preleção sobre o caso, nos seguintes termos:
— Em nome de Allah, Clemente e Misericordioso! Esse problema é, realmente, um dos mais interessantes que tenho ouvido, e a sua solução, por ser simples e suave, põe em relevo a beleza e a simplicidade sem par da Matemática. Vejamos. A distribuição dos dinares pelas oito caixas foi feita de modo a permitir que separemos uma quantia qualquer, a partir de um dinar, destacando-se da coleção uma, duas, três ou mais caixas. Resta determinar o conteúdo de cada caixa. É evidente que a primeira caixa deve conter um dinar, pois do contrário não poderíamos destacar a unidade do total. Eis a conclusão algemada pela evidência: a caixa designada pelo número 1 contém um dinar.
A segunda caixa deverá conter, forçosamente, dois dinares, pois a quantia de um dinar não pode ser repetida, e se a segunda caixa tivesse três, quatro ou mais dinares não seria possível separar dois dinares do total. Conclusão: já conhecemos os conteúdos respectivos das duas primeiras caixas. Com auxílio dessas duas caixas podemos obter um, dois ou três dinares.
Passemos agora à terceira caixa. Quanto deveria conter? A resposta impõe-se imediatamente: quatro dinares. Com efeito, se a terceira caixa encerrasse mais de quatro dinares, não seria possível, conservando intactas as caixas, separar quatro dinares do total. Para as três primeiras, temos, portanto:
1ª caixa: 1 dinar;
2ª caixa: 2 dinares;
3ª caixa: 4 dinares.
Com auxílio dessas três caixas, podemos formar todas as quantias desde um até sete dinares. Sete representaria o total das três primeiras caixas, isto é, um mais dois mais quatro.
Repetindo o mesmo raciocínio, somos levados a afirmar que a caixa seguinte, isto é, a quarta, deverá conter oito dinares. A inclusão desta caixa com oito dinares permitirá separar do total todas as quantias desde um até quinze. O quinze é formado pelo conteúdo das quatro primeiras caixas.
E a quinta caixa? Não oferece o cálculo de seu conteúdo a menor dificuldade. Uma vez demonstrado que as quatro primeiras caixas totalizam quinze, é evidente que a quinta caixa deverá encerrar dezesseis dinares. A inclusão da quinta caixa ao grupo das quatro primeiras permite que formemos qualquer número desde um até trinta e um, inclusive. O total trinta e um é obtido pela soma das cinco primeiras.
Neste ponto fez o calculista uma pausa rapidíssima, e logo prosseguiu:
— Vejamos, pelo encadeamento natural de nosso raciocínio, se é possível descobrir uma lei, ou regra, que permita calcular os conteúdos respectivos das outras caixas restantes. Para isso convém recapitular:
1ª caixa: 1 moeda;
2ª caixa: 2 moedas;
3ª caixa: 4 moedas;
4ª caixa: 8 moedas;
5ª caixa: 16 moedas.
Observemos que cada caixa, a partir da segunda, contém sempre o dobro do número de moedas da caixa precedente. Dizem os matemáticos que os números 1, 2, 4, 8 e 16 formam uma progressão geométrica crescente, cuja razão é dois — um sistema binário, portanto. Dada a natureza do problema, é fácil provar que se mantém a mesma progressão fixando os conteúdos das quatro caixas seguintes. Temos então:
6ª caixa: 32 moedas;
7ª caixa: 64 moedas;
8ª caixa: 128 moedas;
E o total de moedas em todas as caixas, portanto, é 255.
— Uassalã!
Fonte:http://contosbemcontados.blogspot.com.br/2008/06/o-problema-das-oito-caixas-malba-tahan.html
Lígia Amorim

A importacia da matematica

A Matemática está presente em diversas situações, se olharmos ao nosso redor podemos notar sua presença nos contornos, nas formas dos objetos, nas medidas de comprimento, na escola, em casa, no lazer e nas brincadeiras. Seu desenvolvimento está ligado à pesquisa, ao argumento, ao interesse por descobrir o novo, investigar situações, é a ciência do raciocínio lógico.

Desde a Antiguidade, a necessidade do homem de relacionar os acontecimentos naturais ao seu cotidiano despertou o interesse pelos cálculos e números. O surgimento do sistema de numeração decimal provocou um enorme avanço no desenvolvimento da Matemática, pois as teorias e aplicações podiam basear-se nos números, na busca por teses e comprovações.

Atualmente, a Matemática consiste na ciência mais importante do mundo moderno, sendo abordada desde as séries iniciais. Sua relação com o cotidiano exige das pessoas um conhecimento mais amplo da disciplina, por isso devemos dar uma maior atenção ao seu estudo na escola.

Algumas de suas aplicações estão relacionadas a financiamentos, compras parceladas, operações comerciais de compra e venda, construções, investimentos financeiros, aplicações bancárias, cálculos operatórios básicos, entre outros.
indice : http://www.alunosonline.com.br/matematica/
postado por David Reis

O Homem que Calculava — Malba Tahan

O Homem que Calculava escrito pelo brasileiro Malba Tahan — heterônimo do professor Júlio César de Mello e Souza, carioca e engenheiro civil — narra as aventuras e proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir, personagem central de eventos que se desenrolaram na Bagdá do século XIII, cujas peripécias se tornaram lendárias e encantaram reis, poetas, xeques e sábios.

Sucesso de vendas no Brasil, foi publicado pela primeira vez em 1939 e reeditado várias vezes - já chegou a sua 75ª edição. Lido por várias gerações, o livro, foi também traduzido para o espanhol, o inglês, o italiano, o alemão, o francês e o catalão.

Sob a forma de romance o livro apresenta alguns problemas dentro da paisagem do mundo islâmico medieval, resolve e explica diversos problemas, quebra-cabeças e a história da matemática e, inclui, ainda, lendas e histórias pitorescas, como, por exemplo, a lenda da origem do jogo de xadrez e a história da filósofa e matemática Hipátia de Alexandria e, ao longo de sua obra, o autor, por ser um grande estudioso da cultura islã, faz sempre referências à essa cultura no livro, dando uma real impressão de que tudo ocorreu mesmo entre beduínos do deserto, xeques, vizires, magos, princesas e sultões.

O Homem que Calculava nasceu em uma pequena aldeia de Khói, na Pérsia, onde muito jovem, pastoreava um grande rebanho de ovelhas e ao recolhê-las ao abrigo, no final do dia, contava-as várias vezes com receio de ser castigado por negligência.

Aos poucos, foi desenvolvendo sua habilidade para contar, tanto que num relance calculava sem errar o rebanho inteiro e, assim, começou a exercitar contando pássaros, formigas, pequenos insetos, folhas de árvores, chegando à proeza de contar todas as abelhas de um enxame. Após trabalhar durante anos, usando seus dons matemáticos, como responsável pelas plantações e as vendas dos frutos, seu patrão lhe deu férias por quatro meses.

Beremiz decidiu partir para a cidade de Bagdá e a caminho, durante uma de suas paradas para exercitar seus cálculos, conhece Hank Tade-Maiá — narrador da história — um bagdali que voltava, em seu camelo, de uma excursão à famosa cidade de Samarra, nas margens do Tigre.

Samir conta-lhe sua história e Hank impressionado com suas grandes habilidades matemáticas, convenceu-o de que esta habilidade poderia proporcionar, a qualquer pessoa, um meio seguro de ganhar riquezas invejáveis na capital ou mesmo Bagdá, e, assim, o jovem Beremiz Samir, decidiu acompanhar Hank até Bagdá e sem mais preâmbulos, acomodou-se como pode em cima do único camelo que possuiam rumo à gloriosa cidade e, a partir deste encontro casual, tornaram-se companheiros e amigos inseparáveis.

Durante a viagem pelo deserto Beremiz ia se exercitando contando pássaros, galhos e folhas das árvores e quando deparava com diferentes problemas ou conflitos matemáticos vivenciados pelos viajantes que cruzavam e que aparentemente sem solução, Beremiz, com sua grande capacidade de raciocínio lógico os resolve de forma simples e transparente, explicando aos seus observadores como chegou a tais conclusões, e, em algumas situações, recebe alguma recompensa, porém, em outras, se livra de situações complicadas e potencialmente perigosas.

Uma das histórias narradas no livro é A Aventura dos 35 camelos— hoje muito conhecida — no qual Beremiz consegue resolver o caso dos camelos que deveriam ser divididos entre três irmãos de acordo com a vontade do pai. O mais velho deveria receber a metade, o do meio uma terça parte e o mais novo ficaria com a nona parte.

Acrescentando um camelo — o camelo do amigo — aos 35 da herança, Beremiz consegue dividir os camelos entre os três irmãos de modo que o mais velho ficou com 18, o do meio ficou com 12 e o mais novo com 4 dando a soma da herança 34 camelos. Sobraram 2 camelos — o camelo do amigo e mais 1 que ele saiu lucrando pela resolução da questão.

Destacamos ainda um outro problema interessante, como O Caso dos 21 vasos que deveriam ser divididos entre três sócios:
Como pagamento de pequeno lote de carneiros, receberam em Bagdá, uma partida de vinho, muito fino, composta de 21 vasos iguais, sendo: 7 cheios; 7 meio-cheios e 7 vazios.

Eles queriam dividir os 21 vasos de modo que cada um deles recebesse o mesmo número de vasos e a mesma porção de vinho. Repartir os vasos era fácil, cada um dos sócios ficaria com sete vasos, a dificuldade estava em repartir o vinho sem abrir os vasos, conservando-os exatamente como estavam.

Beremiz indicou a solução que parecia bem simples :
→ Ao primeiro caberão 3 vasos cheios, 1 meio-cheio e 3 vazios;
→ Ao segundo sócio caberão: 2 vasos cheios, 3 meio-cheios e 2 vazios;
→ Ao terceiro sócio a cota será igual à do segundo, isto é 2 vasos cheios; 3 meio-cheios; 2 vazios.
Cada sócio então recebeu a mesma quantidade de vasos e a mesma porção de vinho.

Vale a pena ressaltar ainda O Problema dos Quatro que consiste em formar expressões aritméticas utilizando apenas quatro algarismos 4, equivalentes, cada um, aos números inteiros.

Segundo o autor, é possível formar todos os números inteiros entre 0 e 100, utilizando, além dos números, quaisquer sinais e operações matemáticas, sem envolver letras ou inventar funções apenas para resolver o problema. Entusiastas têm resolvido o problema para mesmo além dos 10.000 primeiros inteiros.

→ 44-44 = 0
→ 44/44 = 1
→ 4/4+4/4 = 2
→ 4x4=16+4=20/4=5
→ 44/4=11-4=7
→ 4+4+4=12-4=8
→ 4+4=8+4/4= 9
→ 44-4/4=10

Quer saber mais sobre a resolução deste problema e outros… não deixe para amanhã o que pode fazer hoje, portanto, mate sua curiosidade e comece a ler O Homem que Calculava, hoje!

Em Bagdá, Beremiz rapidamente tornou-se famoso e muito requisitado tanto por pessoas comuns quanto por nobres, despertou a simpatia de uns e a inveja de outros. Empregou-se como secretário do Grão-vizir Ibrahim Maluf, enquanto que Tade-Maiá assumiu como escriba deste mesmo ministro. Beremiz aceitou também a tarefa de ensinar matemática à filha do poeta Iezid, travando conhecimento com Telassim, sua futura esposa.

Califa ouvia falar de Beremiz e concedeu-lhe uma audiência na qual ficou encantado com a argúcia do calculista e, visando testar definitivamente a capacidade de Beremiz, prepara uma audiência onde o calculista seria argüido por sete sábios.

Tendo respondido brilhantemente todas as provas, Beremiz, como recompensa, pede em casamento a mão de Telassim, por quem havia se apaixonado e, o rei, após conferência com o xeique Iezid aceita que Beremiz se case com Telassim, desde que este resolva um problema criado por um dervixe — religioso mulçumano— do Cairo que consistia na seguinte questão:

O rei possuía cinco escravas, duas tinham os olhos negros e as três restantes tinham os olhos azuis. As duas escravas de olhos negros, quando interrogadas, diziam sempre a verdade, enquanto as de olhos azuis sempre mentiam.

Beremiz poderia interrogar três das escravas, que estariam com o rosto totalmente coberto, mas poderia fazer apenas uma única pergunta a cada uma delas, para então descobrir a cor dos olhos de cada escrava.

Samir usando de astúcia e lógica, pergunta à primeira escrava de que cor eram os olhos dela, mas esta responde em um dialeto desconhecido e Beremiz perde a resposta da primeira escrava.

Sem se abalar, o calculista seguiu para a segunda escrava e perguntou qual foi a resposta que a primeira escrava tinha proferido. A segunda escrava declara que resposta foi: Os meus olhos são azuis.

À terceira escrava o calculista pergunta qual era a cor dos olhos das duas primeiras. Ela responde que a primeira tinha olhos negros e a segunda tinha olhos azuis.

Assim o calculista descobriu a cor dos olhos das cinco escravas: a primeira tinha os olhos negros, a segunda tinha os olhos azuis, a terceira tinha os olhos negros e as duas últimas tinham os olhos azuis.

Como Beremiz chegou a esta conclusão?
Esta e outras respostas você encontrará em O Homem que Calculava que é um prato cheio para os aficcionados dos algarismos e jogos matemáticos que certamente se deleitarão, em cada capítulo, de como Bereniz Samir resolvia problemas aparentemente sem solução, utilizando apenas sua habilidade em trabalhar com os números com a facilidade de um ilusionista.

O Homem que Calculava carrega o leitor, não só pelos elementos criativos na trama, mas, principalmente, pela força, malabarismo mental e sabedoria do personagem Malba Tahan para encontrar soluções em situações cotidianas para diferentes pessoas: do mais simples mercador a reis, teólogo, cientista, historiador, poeta..., e, paralelamente, também dar informações sobre Geografia, História e cultura oriental, Filosofia, Arte, Língua Portuguesa e pensamentos de filósofos que são adicionados ao texto no sentido de conduzir o leitor à busca da sabedoria e a uma maior compreensão da própria vida.

O livro inclui diversos apêndices como glossário de árabe, frases de filósofos e cientistas elogiando a matemática, informações sobre calculistas famosos, um artigo sobre os árabes na matemática, a dedicatória que tem importante significado histórico e cultural e a resolução explicada de cada problema matemático. Todos os problemas encontrados, são de resolução não-mecânica, sem fórmulas, obrigando ao leitor a pensar sobre o problema para resolvê-lo.

Pode-se dizer que o uso da Matemática nos possibilita desenvolver e/ou adquirir o hábito de raciocinar e, uma vez aprendido, pode ser empregado na pesquisa da verdade e assim facilitar nosso dia-a-dia. Na verdade, a Matemática é imprescindível e está dentro e em volta de todos nós e em tudo o que acontece em nosso planeta.

Todos nós — consciente ou inconscientemente — aplicamos os princípios básicos da matemática em nossas vidas, seja na escola, no lar, no trabalho, nas pesquisas, no cultivo, na natureza, nas pequenas coisas de nosso dia desde um simples diálogo até defendendo uma tese e, caso você não se lembre, o número 1 foi um dos nossos primeiros contatos com a matemática, lembra!
— Quantos aninhos você tem? E você matematicamente respondia com orgulho — mostrando um dedinho — um!

Quer mais? Seus primeiros passos! Seu primeiro Não! Seu primeiro dentinho! Contar de 1 ao 10! Decorar sua primeira tabuada! Sua primeira declaraçao de amor! Seu primeiro beijo! Sua primeira equação! Seu primeiro pedido: Primeira estrela que vejo atende meu desejo ... enfim, teve um monte de primeiros, segundos, terceiros, vigésimos... que continuarão existindo e você os contará quantas vezes forem necessários, pois como dizia Beremiz Samir: Conto os versos de um poema, calculo a altura de uma estrela, avalio o número de franjas, meço a área de um país, ou a força de uma torrente ... enfim, a Matemática existe, por toda a parte, porém, é preciso olhos para vê-la, inteligência para compreendê-la e alma para admirá-la…

O homem que calculava é um livro recheado de informações, histórias e curiosidades sobre a matemática e vale a pena ser lido e relido por todos, sem exceção, sejam profissionais, comerciantes, estudantes, donas de casa, para quem trabalha em comércio, ou seja, para todos nós.

É uma história onde o fascínio dos números é desvendado e a tentativa do leitor de solucionar cada problema é inevitável, portanto imperdível para todos aqueles que buscam conhecer um pouco mais da história da matemática e querem enxergar as coisas de forma mais precisa e objetiva e, de quebra, entender um pouco mais dos hábitos e costumes dos árabes.


A Matemática apresenta invenções tão sutis que poderão servir não só para satisfazer os curiosos como, também para auxiliar as artes e poupar trabalho aos homens. — Descartes


Conheça um pouco mais sobre Malba Tahan

Malba Tahan é o pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza, carioca, professor, educador, pedagogo, engenheiro civil, escritor e conferencista brasileiro nascido em 1895, na cidade do Rio de Janeiro e que passou sua infância em Queluz, no interior de SP.

Exímio contador de histórias, aos 9 anos de idade, já editava uma revista, feita manualmente e distribuída entre os amigos e colegas de escola e, mais tarde, passou a vender redações para os alunos de um exigente professor de literatura.

Contra a vontade da família, que queria vê-lo envergando a farda militar, Júlio César se formou em Engenharia Civil— profissão que nunca chegou a exercer— e tornou-se professor de História, Geografia e Física antes de, finalmente, chegar à Matemática, matéria pela qual se apaixonou e que mudou radicalmente a sua vida.

A idéia de criar um pseudônimo nasceu quando o escritor tinha 23 anos e era colaborador de um jornal carioca onde entregou alguns de seus contos ao editor, porém, ao perceber que jamais os publicariam, retirou-os para depois reapresentá-los — assinados por Slade, um fictício escritor Americano — dizendo ao editor que tinha acabado de traduzi-los por que estavam fazendo sucesso em Nova York. No dia seguinte o primeiro conto foi publicado na primeira página e, posteriormente, os outros tiveram o mesmo destaque, e, assim, nascia Malba Tahan , um autor que, durante décadas, milhões de leitores julgavam ser árabe.

Publicou ao longo de sua vida cerca de 120 livros sobre Matemática Recreativa, Didática da Matemática, História da Matemática e Literatura infanto-juvenil, atingindo tiragem de mais de 2 milhões de exemplares.

Sua obra mais popular, O Homem que Calculava — 75 edições — foi premiada pela Academia Brasileira de Letras, em sua 25ª edição, em 1972. Sua importância na história da literatura e da educação brasileira é incontestável tendo sido lido, aclamado e reconhecido por gerações inteiras durante os últimos 70 anos. Em 1952, o presidente da República publicou um decreto oficial que permitiu ao cidadão Júlio César de Mello e Souza o uso legal do pseudônimo Malba Tahan.

Júlio César criou para esse personagem-pseudônimo — Malba Tahan — uma biografia fictícia, segundo a qual teria nascido em 1885 na aldeia de Muzalit, Península Arábica, perto da cidade de Meca, um dos lugares santos da religião muçulmana, o islamismo. Foi prefeito da cidade árabe de El-Medina, estudou no Cairo e em Constantinopla e, aos 27 anos, recebeu uma grande herança do pai, iniciando uma longa viagem pelo Japão, Rússia, Índia e teria morrido, em 1921, lutando pela libertação de uma tribo na Arábia Central.

Para sustentar a sua criação, estudou profundamente o Alcorão, a língua, os costumes e as tradições árabes, em especial a milenar tradição dos contadores de histórias, e se valia de gravuras, mapas e fotografias para localizar e descrever as suas ambientações e, o fez com tal perfeição que durante décadas jamais se suspeitou que as fantásticas histórias de Malba Tahan eram escritas por um humilde professor brasileiro que jamais colocara os pés num país árabe.

Como professor de matemática, Malba Tahan era um inconformado com os métodos de ensino da época, que considerava ultrapassados. Começou, então, a desenvolver as suas aulas através de jogos, desafios, brincadeiras e... histórias. Por isso, é considerado um precursor dos métodos de ensino lúdico-didáticos e da popularização da matemática.

Professor Emérito da Faculdade Nacional de Arquitetura, do Instituto de Educação do Distrito Federal, docente por concurso do Colégio D. Pedro II, catedrático na escola Nacional de Belas Artes e catedrático no Instituto de Educação do RJ — ex Escola Normal do RJ, Julio César de Mello e Souza morreu na cidade do Recife, aos 79 anos — 17/05/1974 — após uma conferência sobre a arte de contar histórias.

Thalysson
Fonte:http://livrospralerereler.blogspot.com.br/2011/12/o-homem-que-calculava-malba-tahan.html