segunda-feira, 4 de agosto de 2014


Brechós crescem no país e vendem de roupa infantil a bolsa de R$ 1,5 mil

Consumidor está mais consciente e tem menos preconceito com usados.
Número de pequenos negócios que vendem usados subiu 210% em 5 anos.


Estilista Valéria Migliacci montou brechó para venda de artigos de grifes (Foto: Divulgação)Estilista Valéria Migliacci montou brechó para venda de artigos de grifes (Foto: Divulgação)
O mercado de brechós e de venda de produtos usados cresce no Brasil e comerciantes e especialistas atribuem a alta a um consumidor mais consciente, com menor preconceito em relação a itens de segunda mão. Há negócios que vão desde brechós com artigos de grife, como bolsa da Louis Vuitton a cerca de R$ 1,5 mil, a site para venda de produtos para bebês e crianças.
Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que as micro e pequenas empresas que comercializam artigos usados cresceram 210% em cinco anos. O número passou de 3.691 para 11.469 entre 2007 e 2012 (os dados de 2013 ainda não estão disponíveis).

“Acredito que o crescimento do mercado de usados no país seja em função da questão da sustentabilidade, do pós-consumo, do descarte. Tanto de roupas quanto de objetos. Essa consciência ambiental das pessoas também favorece o aumento desse mercado”, avalia Wilsa Sette, coordenadora nacional de projetos do varejo da moda do Sebrae.
Alexandre Fisher criou plataforma de venda de artigos usados (Foto: Anna Fischer/Divulgação)Alexandre Fisher criou plataforma de venda de
artigos usados (Foto: Anna Fischer/Divulgação)
Um dos empresários que apostou no segmento foi Alexandre Fisher, de 35 anos. “Lá fora isso já está muito consolidado, existe essa consciência que a revenda de itens é saudável, com produtos bons. O brasileiro está perdendo o preconceito do usado, do brechó, do empoeirado e isso está evoluindo”, sugere.
Ele criou o “Ficou Pequeno”, site com itens infantis que tem roupas que não servem mais e até produtos que nunca foram usados. "Uma criança cresce em média 30 centímetros no primeiro ano, perde muita coisa. E as mães compram o enxoval, gostam de tudo, compram peças que não dão tempo de a criança usar", conta ele, que teve a ideia do negócio após observar o crescimento das sobrinhas.
Na plataforma, mães e pais podem criar a própria lojinha para oferecer o que não querem mais, pelo preço que desejarem. O site sugere vender pela metade do valor original, mas há itens até 80% mais baratos. O lucro da empresa vem de uma porcentagem sobre as vendas.
O brasileiro está perdendo o preconceito do usado, do brechó, do empoeirado"
Alexandre Fisher, empreendedor
Há quase um ano e meio no ar, a iniciativa tem mais de 1.000 lojinhas ativas, com mais de 13 mil produtos disponíveis. Ao todo, 9 mil já foram vendidos e entregues em todos os estados do país, diz Fisher. “Há de tudo: móvel, berço, cômoda, poltrona para amamentação, brinquedos, livros, DVD, sapatinho, acessórios, bomba de leite, bico de chupeta, esterilizador, babá eletrônica”, afirma.

Artigos de grife
A estilista e consultora de moda Valéria Migliacci, de 47 anos, revende desde 2011 artigos de grife usados em seu brechó na capital paulista, o Madame La Marquise. Ela também vê o sucesso do negócio como resultado da maior abertura do consumidor brasileiro aos produtos usados. “Hoje as pessoas têm facilidade de viajar, e no exterior é muito disseminado esse mercado (...). As pessoas estão olhando diferente, ficaram menos preconceituosas”, avalia.
A ideia dela é oferecer produtos praticamente únicos. “80% dos clientes são pessoas que gostam da exclusividade. É quase um guarda-roupa customizado, que sai do comum”, explica. Há ainda o público que tem interesse em ter uma peça de grife mas não consegue pagar o preço de uma nova.
Alexandre Fisher criou plataforma de venda de artigos usados (Foto: Anna Fischer/Divulgação)Mães podem vender roupas que não servem
mais nos filhos (Foto: Anna Fischer/Divulgação)
De acordo com Migliacci, um modelo mais tradicional de bolsa em bom estado da Louis Vuitton, por exemplo, pode custar de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, sendo que uma nova no Brasil custa de R$ 4 mil a R$ 7 mil, avalia.

Ela explica, contudo, que as peças da loja não costumam ser tão caras. A média de preço de blusas e calças, por exemplo, é de R$ 80 a R$ 150. E dos vestidos, de R$ 80 a R$ 350. Há peças de marcas como Huis Dlos, André Lima, Prada, Guti e Maria Bonita, entre outras.
A empreendedora escolheu trabalhar com grifes por serem itens mais sofisticados, que dão uma cara de boutique à loja e acabam movimentando valores maiores, considerando o atestado que a marca dá aos produtos. “Eu sou estilista, a gente gosta de moda”, relata.

Segundo ela, as peças são fornecidas pelos proprietários por consignação e ela ganha uma comissão sobre cada venda. O volume de peças disponíveis na boutique gira em torno de 1.000, afirma.
Espaços para empreendedores
De acordo com o Sebrae, a maioria das empresas do ramo ainda está no estado de São Paulo, com 4.141 negócios ligados à venda de usados ao final de 2012.

Diante dos dados, o Sebrae resolveu organizar entre maio e setembro deste no fóruns com empreendedores do setor nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte (ambos já aconteceram), Rio de Janeiro (no dia 28 de agosto) e Brasília (no dia 18 de setembro). “São para estimular o debate entre os empresários e especialistas para subsidiar ações do Sebrae para o nicho do mercado que está crescendo”, explicou a coordenadora do Sebrae Wilsa Sette.
                         Lígia Amorim
http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2014/08/brechos-crescem-no-pais-e-vendem-de-roupa-infantil-bolsa-de-r-15-mil.html

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