segunda-feira, 6 de julho de 2015

O LIXO HOSPITALAR


Quando se trata da destinação correta do lixo - desde a separação dos resíduos orgânicos e recicláveis até os problemas enfrentados com o esgotamento de aterros sanitários -, sabe-se que ainda há muito a ser feito. Ao pensarmos no descarte do lixo hospitalar, por outro lado, a primeira impressão é a de que as empresas de saúde atuam com um controle mais eficaz e rigoroso, principalmente por conta da alta possibilidade de disseminação e proliferação de doenças. A realidade, porém, é muito diferente.


Na última edição do Seminário de Resíduos e Serviços de Saúde, realizado na capital mineira em 2013, a Comissão Permanente de Apoio ao Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (Copagress) apresentou um diagnóstico preocupante: assim como na maioria das cidades brasileiras, esse tipo de lixo ainda é muito mal administrado na capital mineira. Quase metade dos grandes hospitais não respeita o Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGR-SS), aprovado pela Prefeitura de Belo Horizonte em 2000 e desenvolvido em consonância com as determinações legais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Basicamente, o problema ocorre na separação do descarte infectante. Como ele acaba sendo misturado ao comum, todo o montante fica proibido de ser levado a um aterro sanitário licenciado, sendo uma parte incinerada (o que requer um alto investimento) e a restante direcionada a outros aterros. As consequências são o encarecimento do serviço e maiores danos ambientais, além do risco à saúde da população.
Ao se pensar em novas e seguras alternativas para o manejo do lixo hospitalar e seu descarte, geralmente imaginamos que elas possam vir de países que já encontraram maneiras sustentáveis para a solução desse impasse. Mas, no Brasil, já existe uma forma eficaz para se realizar o tratamento correto dos resíduos. Ela surgiu em Nova Lima (MG), mais especificamente no bairro Jardim Canadá: trata-se da Termolix, unidade de tratamento térmico de resíduos que está revolucionando os conceitos de gestão do lixo adotados atualmente.
Lançada em julho, ela utiliza uma tecnologia inovadora de termovalorização dos resíduos - a pirólise em fluxo contínuo -, convertendo-os em carvão de alto valor agregado e com índices superiores de comercialização e aproveitamento. A Termolix foi idealizada e produzida pela Atteris Tecnologia & Gestão Ambiental - uma empresa mineira do Grupo EcoBras, que atua no desenvolvimento de usinas de incineração de grande porte, após cinco anos de pesquisas e resultados promissores. “O nosso objetivo sempre foi criar tecnologias que fossem além do tratamento térmico de resíduos e ainda se adequassem efetivamente às premissas da sustentabilidade, sendo tecnicamente viáveis”, afirma Gustavo Teixeira, diretor da Atteris.
Como funciona
A Termolix tem capacidade produtiva integrada a um processo de alto desempenho. Ela também é compacta: ocupa apenas 78 m². “A unidade demanda pouco espaço se comparada a outros sistemas de tratamento térmico similares”, salienta Gustavo.
José Silvério Borela, engenheiro da Atteris, explica os diferenciais: “Um deles é a reutilização dos gases gerados no próprio processo, reintroduzidos para a autonomia térmica da unidade. Outro é o fluxo contínuo, que é o processamento, sem intervalos, entre a alimentação, o processo e sua resultante, além do sistema de automatização da unidade, que monitora todo o processo sinalizando ao operador possíveis falhas. Em último caso e quando não houver a intervenção adequada, o sistema supervisório assume o controle da unidade, evitando assim eventuais danos. A pluralidade de resíduos que o sistema pode termovalorizar, englobando uma grande quantidade de tipologias, do hospitalar ao industrial e urbano, também é outro destaque importante”.
A tecnologia de pirólise difere-se da de incineração em vários aspectos, sendo o principal deles a degradação térmica de todo o material de origem carbonácea em um ambiente virtualmente livre de oxigênio, ocorrendo a decomposição molecular dos compostos pela ação das altas temperaturas. É possível atingir até cinco mil quilos de resíduos termovalorizados por dia.
“É um produto quimicamente estável, que reduz consideravelmente a emissão de gases de efeito estufa quando comparado à destinação de resíduos adotadas no Brasil. O carvão oriundo do lixo hospitalar pode ainda ser utilizado em usinas termoelétricas para a geração de energia, criando uma simbiose industrial onde a termovalorização dos resíduos de uma é o produto da outra. Isso minimiza danos ambientais quanto à geração de carvão vegetal, já que o país, historicamente, não possui grandes reservas desse insumo”, complementa Borela.

Aluna: Mirna Maria Barbosa Sarmento

Fonte: http://www.revistaecologico.com.br/materia.php?id=84&secao=1399&mat=1557

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