Dólar cai com movimento externo e entrada de recurso para renda fixa
O dólar fechou em queda frente ao real pelo terceiro pregão consecutivo, refletindo a desvalorização da moeda americana no exterior e a entrada de recursos para o mercado de renda fixa local. Investidores aguardam a pesquisa eleitoral realizada pelo Ibope, que deve ser divulgada hoje a noite.
O dólar comercial fechou em queda de
0,52%, a R$ 2,2120, menor patamar desde 14 de julho. Já o contrato
futuro para outubro recuava 0,47% para R$ 2,218.
Lá fora, o dólar operava em queda
frente às principais divisas emergentes diante do cenário de diminuição
da tensão geopolítica entre o Ocidente e a Rússia em torno da Ucrânia e
do dado abaixo do esperado da inflação nos Estados Unidos. A moeda
americana caía 0,26% em relação ao rand sul-africano, 0,55% frente à
lira turca e 0,25% diante do peso mexicano.
O Índice de Preços ao Consumidor nos
EUA (CPI, na sigla em inglês) registrou alta de 0,3% em junho na
comparação com maio, em linha com o esperado pelos analistas. Já o
núcleo da inflação avançou 0,1% em junho, abaixo da expectativa do
mercado que previa alta de 0,2%. O dado levou a uma queda das taxas dos
Treasuries favorecendo a busca por ativos que oferecem maior retorno.
“O CPI [índice de preços ao consumidor,
na sigla em inglês] mostrou que a inflação nos Estados Unidos ainda
deve aumentar muito lentamente. Isso dá espaço para que o juro continue
perto de zero por lá por mais um tempo”, diz o profissional da área de
câmbio de uma gestora.
A renda fixa brasileira vem se
beneficiando desse cenário. Agentes afirmam ter verificado um aumento
das operações no mercado de juros que ajudou a sustentar a queda do
dólar hoje, com os investidores aumentando as apostas em um possível
corte da taxa Selic diante do enfraquecimento da atividade econômica e
desaceleração do avanço da inflação. “Aumentou o números de investidores
que apostam em um corte da Selic e veem prêmio na curva de juros”,
destaca um operador de uma corretora nacional.
Investidores aguardam a divulgação da pesquisa eleitoral realizada pelo Ibope, prevista para hoje a noite.
O enfraquecimento das intenções de voto
da presidente Dilma Rousseff (PT) mostrado nas últimas pesquisas
eleitorais aumentou as apostas em uma vitória do principal candidato da
oposição, Aécio Neves (PSDB), visto pelos investidores com perfil mais
pró-mercado, o que tem contribuído para a queda do dólar no mercado
local. “Se a pesquisa de hoje confirmar um empate técnico entre os dois
candidatos no segundo turno pode trazer um fortalecimento para o real
amanhã”, afirma um operador.
As intervenções do Banco Central também
ajudam a sustentar a queda do dólar. O BC fez a rolagem de todos os 7
mil contratos de swap cambial tradicional, que tinham vencimento
previsto para 1º de agosto, cuja operação somou US$ 346,5 milhões.
Dos 189.130 contratos de swap com
vencimento em 1º de agosto (US$ 9,457 bilhões), ainda restam 98.130 (US$
4,907 bilhões) a serem renovados.
Mais cedo, o BC vendeu todos os 4 mil
contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta
terça-feira, em operação que movimentou o equivalente a US$ 198,7
milhões.
Com o cenário de baixa volatilidade no
mercado e a percepção de que o Banco Central deve manter o câmbio
controlado pelo menos até a eleição em outubro, o Bank of America
Merrill Lynch vê oportunidade de ganho com operações estruturadas usando
opções de dólar.
O banco recomenda a compra de opções
com barreira de baixa em R$ 2,15 e barreira de alta em R$ 2,40. Desde
abril o dólar vem oscilando dessa faixa . Para posições estruturais, o
banco está com recomendação neutra para o real.
Os analistas do BofA esperam que o
câmbio permaneça entre R$ 2,20 e R$ 2,25 no curto prazo, devendo se
depreciar até o fim do ano para equilibrar o balanço de pagamentos,
encerrando 2014 em R$ 2,50.
Fonte : http://www.valor.com.br/financas/3622252/dolar-cai-com-movimento-externo-e-entrada-de-recurso-para-renda-fixa
Grazielle Rocha
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