terça-feira, 22 de julho de 2014

Dólar cai com movimento externo e entrada de recurso para renda fixa


 O dólar fechou em queda frente ao real pelo terceiro pregão consecutivo, refletindo a desvalorização da moeda americana no exterior e a entrada de recursos para o mercado de renda fixa local. Investidores aguardam a pesquisa eleitoral realizada pelo Ibope, que deve ser divulgada hoje a noite.
O dólar comercial fechou em queda de 0,52%, a R$ 2,2120, menor patamar desde 14 de julho. Já o contrato futuro para outubro recuava 0,47% para R$ 2,218.
Lá fora, o dólar operava em queda frente às principais divisas emergentes diante do cenário de diminuição da tensão geopolítica entre o Ocidente e a Rússia em torno da Ucrânia e do dado abaixo do esperado da inflação nos Estados Unidos. A moeda americana caía 0,26% em relação ao rand sul-africano, 0,55% frente à lira turca e 0,25% diante do peso mexicano.
O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês) registrou alta de 0,3% em junho na comparação com maio, em linha com o esperado pelos analistas. Já o núcleo da inflação avançou 0,1% em junho, abaixo da expectativa do mercado que previa alta de 0,2%. O dado levou a uma queda das taxas dos Treasuries favorecendo a busca por ativos que oferecem maior retorno.
“O CPI [índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês] mostrou que a inflação nos Estados Unidos ainda deve aumentar muito lentamente. Isso dá espaço para que o juro continue perto de zero por lá por mais um tempo”, diz o profissional da área de câmbio de uma gestora.
A renda fixa brasileira vem se beneficiando desse cenário. Agentes afirmam ter verificado um aumento das operações no mercado de juros que ajudou a sustentar a queda do dólar hoje, com os investidores aumentando as apostas em um possível corte da taxa Selic diante do enfraquecimento da atividade econômica e desaceleração do avanço da inflação. “Aumentou o números de investidores que apostam em um corte da Selic e veem prêmio na curva de juros”, destaca um operador de uma corretora nacional.
Investidores aguardam a divulgação da pesquisa eleitoral realizada pelo Ibope, prevista para hoje a noite.
O enfraquecimento das intenções de voto da presidente Dilma Rousseff (PT) mostrado nas últimas pesquisas eleitorais aumentou as apostas em uma vitória do principal candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB), visto pelos investidores com perfil mais pró-mercado, o que tem contribuído para a queda do dólar no mercado local. “Se a pesquisa de hoje confirmar um empate técnico entre os dois candidatos no segundo turno pode trazer um fortalecimento para o real amanhã”, afirma um operador.
As intervenções do Banco Central também ajudam a sustentar a queda do dólar. O BC fez a rolagem de todos os 7 mil contratos de swap cambial tradicional, que tinham vencimento previsto para 1º de agosto, cuja operação somou US$ 346,5 milhões.
Dos 189.130 contratos de swap com vencimento em 1º de agosto (US$ 9,457 bilhões), ainda restam 98.130 (US$ 4,907 bilhões) a serem renovados.
Mais cedo, o BC vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta terça-feira, em operação que movimentou o equivalente a US$ 198,7 milhões.
Com o cenário de baixa volatilidade no mercado e a percepção de que o Banco Central deve manter o câmbio controlado pelo menos até a eleição em outubro, o Bank of America Merrill Lynch vê oportunidade de ganho com operações estruturadas usando opções de dólar.
O banco recomenda a compra de opções com barreira de baixa em R$ 2,15 e barreira de alta em R$ 2,40. Desde abril o dólar vem  oscilando dessa faixa . Para posições estruturais, o banco está com recomendação neutra para o real.
Os analistas do BofA esperam que o câmbio permaneça entre R$ 2,20 e R$ 2,25 no curto prazo, devendo se depreciar até o fim do ano para equilibrar o balanço de pagamentos, encerrando 2014 em R$ 2,50.

Fonte : http://www.valor.com.br/financas/3622252/dolar-cai-com-movimento-externo-e-entrada-de-recurso-para-renda-fixa

 Grazielle  Rocha

Nenhum comentário:

Postar um comentário