segunda-feira, 6 de abril de 2015

ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR

*A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO CENTRO

É generalizada entre os entrevistados a opinião de que a organização do Centro é complexa, ambígua, difícil de ser entendida. "A organização tradicional é bem mais simples, é líquida." "A estrutura é muito complexa e cria necessidades de muitas reuniões." "Devemos esclarecer dúvidas semânticas sobre equipes e organização."
"É difícil entender nossa organização; é muito complexa; É difícil aplicar na prática os conceitos complexos. Será o modelo adequado à nossa realidade? É utópico? Acaba sendo elitista?" "É um pouco complicado, surgem dúvidas, é sistema novo, em fase de adaptação."
O fato de muitas pessoas ocuparem diversas posições foi apontado como fator agravante: "Muitas vagas não foram preenchidas, de modo que algumas pessoas têm que ocupar diversas posições, tendo, pois, 'encarnações' múltiplas e, mesmo, contraditórias. Assessor técnico é chefe em outro local, faz atendimento médico. Isso parece ir em sentido oposto ao espírito de equipe." "Existe um duplo papel do médico-chefe, como chefe doquadradinho e como assessor do quadradinho." "Pessoas assumem três ou quatro papéis simultaneamente. É esquizofrênico." "Estaticamente, no papel, é simples. Dinamicamente, na prática, nossa organização é complexa demais."
Os entrevistados perceberam, em sua maioria, que a organização do Centro é muito diferente da existente tradicionalmente nos hospitais: "Experiência é novidade muito grande."
Entendem que há uma dupla subordinação dos servidores, uma subordinação administrativa às chefias dosquadradinhos e outra, profissional, às assessorias técnicas dos quadradinhos. Porém, declararam, "é difícil distinguir entre os assuntos administrativo e técnico, que se confundem freqüentemente".
Essa estrutura é precisamente oposta à que existe nos hospitais tradicionais. Por atavismo, as pessoas 11 acabam levando os problemas nas linhas erradas de subordinação, pois "os caminhos antigos são asfaltados, enquanto os novos são de terra".
Alguns entrevistados observaram | também que o número de níveis organizacionais é elevado e propuseram a eliminação de alguns níveis: "Meu cargo é inútil. Meu cargo é desnecessário. No momento atual estou sobrando .. . Não sei se meu cargo é importante e se deve ser banido ou ocupado por administrador profissional."
O questionário forneceu o seguinte resultado às perguntas relativas à organização:
- "Existem problemas decorrentes do novo modelo de organização (organograma) adotado pelo Centro?"
 %
Sim6440,51
Não85,06
Não sabe8453,17
Outra resposta10,63
Em branco10,63
 __________
Total158100,00
- Dois terços dos respondentes acharam problemas decorrentes de falta de definição, delimitação, superposição ou duplicação de funções e/ou tarefas, jurisdição ou autoridade.
- Menos de um terço respondeu que os órgãos de assessoria e as comissões cumpriam o propósito para os quais foram criados, e que existia necessidade de se criar, expandir ou desmembrar novos serviços no Centro; ou, pelo contrário, de se fundir, consolidar, ou eliminar serviços ou funções já existentes.
- Metade considerou que havia problemas decorrentes da excessiva centralização ou descentralização de autoridade no Centro.
As assistentes sociais encontravam mais problemas no modelo novo de organização que as enfermeiras; e as chefias que os subordinados.
As assistentes sociais, seguidas pelas nutricionistas, são as profissionais que mais sentem falta de definição de funções na organização. Esse problema é sentido quase igualmente nos níveis de chefia e de operações.
Todos os tipos de profissionais reagem da mesma forma à pergunta sobre a adequação dos órgãos de assessoria e comissões.
Não há sensível diferença, nem entre profissões, nem entre níveis, na reação à pergunta sobre a necessidade de criação ou fusão de serviços.
No que tange à necessidade de maior centralização ou descentralização, as nutricionistas foram mais vocais. As chefias foram apenas um pouco mais afirmativas a esse respeito que seus subordinados.
Em conclusão, não há substanciais diferenças nas reações dos diversos corpos profissionais aos problemas organizacionais; o corpo menos satisfeito com o novo tipo de organização é o das assistentes sociais e o mais satisfeito é o das enfermeiras. Esse achado é paradoxal, pois as assistentes sociais e as nutricionistas deveriam apreciar o modelo organizacional do Centro, que as valoriza mais que as enfermeiras, às quais tira o poder tradicional. Quanto aos médicos, suas respostas estão em geral situadas na média das opiniões. Os chefes, como seria de se esperar, têm maior sensibilidade para os problemas organizacionais que os subordinados. Em muitas perguntas, a proporção de respostas "não sabe" é elevada.
O organograma do Centro foi construído para espelhar a doutrina da instituição. A departamentalização básica se fundamenta no critério de urgência de atendimento, desenfatizando as especialidades médicas. As assessorias multiprofissionais, em todos os níveis, refletem o desejo de se montar uma organização participativa, harmoniosamente cooptada por todas as profissões da área de saúde. Se o dogma do atendimento em equipes multiprofissionais é o lema do Centro, o organograma é a sua bandeira.
O papel das assessorias não está totalmente claro. Trata-se de assessorias funcionais, no sentido que cada assessor, na sua especialidade, é chefe funcional dos profissionais da mesma especialidade.
Ao mesmo tempo, os assessores funcionam como conselhos, colegiados de assessoramento.
Seu terceiro papel é de agente tomador de decisões, isto é, de participante ativo da decisão tomada pelo assessorado.
Seria necessário definir com rigor as atribuições das assessorias, em todos os níveis, procurando-se discriminar os assuntos administrativos dos profissionais, a fim de que as áreas de jurisdição entre linha e assessoria fiquem delimitadas; e esclarecer o papel exato das assessorias, se de conselheira ou de co-responsável pela decisão.



FONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75901981000400001&script=sci_arttext

MARCOS ANTÔNIO ANDRADE SANTOS (TIO MARQUITO).

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