Após termos avaliado as fontes de financiamento no último artigo, vamos abordar agora os erros mais comuns neste processo. A regra básica é a de que o custo e o prazo da dívida devem estar alinhados com a destinação dos recursos. Outro aspecto a ser observado é o de que a Empresa deve estar preparada, principalmente em relação a seus livros contábeis e fiscais, para a opção de financiamento selecionada. Apesar de parecerem bastante óbvias, estas máximas nem sempre são respeitadas. Nestes mais 30 anos de vida profissional, 2 casos ficaram gravados na minha memória. Vou descrevê-los como forma de ilustrar os cuidados a serem tomados.
O mais recente ocorreu em uma indústria farmacêutica. Era um
empreendimento de altíssimo retorno e pioneira, atuava na área de
genéricos, mas com um volume de produção bastante reduzido devido ao
tamanho da área fabril. O empreendedor tomou então a decisão de ampliar a
fábrica, só que não contava com recursos próprios para a expansão.
Decidiu então recorrer ao financiamento bancário. Inicialmente
identificou uma fonte de financiamento de custo baixo e prazo longo, em
princípio compatível com seu projeto. No afã de agilizar a expansão o
projeto não foi bem detalhado e ao final de alguns meses os recursos
obtidos se revelaram insuficientes. Além disso, por decisão do
empreendedor as instalações fabris foram alteradas e as mesmas ganharam
mais sofisticação e luxo dos que as que constavam do projeto inicial.
Com o estouro no orçamento não restou outra opção a não ser recorrer ao
financiamento bancário tradicional, com custos bancários maiores e com
prazos menores, totalmente incompatível com a ampliação ou construção de
uma indústria. Outro fator que pesou bastante no estouro do orçamento
foi a não inclusão do capital de giro no financiamento inicial. Este
capital de giro foi destinado a aquisição de estoques, folha de
pagamentos, insumos dentre outros e ao financiamento da venda, ou seja o
ciclo de produção e recebimento não foi considerado. Ao final do
processo, a empresa foi vendida para um Global Player por um valor
bastante pequeno, já que o empreendimento se encontrava com alto
endividamento e em fase pré-falimentar.
Outro caso que também me marcou foi o de uma empresa no ramo de
construção civil, com um produto extremamente lucrativo e replicável,
que decidiu expandir suas operações. Apesar do assédio de fundos de
Privaty Equity, o empreendedor decidiu tocar a expansão com recursos
próprios e empréstimos de curto prazo e caros. Aparentemente a sua
leitura foi de que sendo o negócio tão bom que não fazia sentido dividir
com outro acionista, no caso o Private Equity, toda aquela
rentabilidade. Sua expectativa era a de concluir a expansão e somente
após a entrada em operação passar a conversar com potenciais
investidores. Por outro lado, seus controles contábeis e fiscais eram
bastante frágeis, e como ele não entendia a dinâmica da entrada de um
investidor, não priorizou a regularização dos livros. Aqui foram
cometidos dois erros básicos, a incompatibilidade dos encargos e prazo
do financiamento com a expansão, e o fato de ter sido subestimada a
complexidade da entrada de um acionista, com a realização de Due
Diligence, investigação de compra contábil, fiscal e legal, elaboração
de projeções confiáveis, etc.
fonte: http://www.endeavor.org.br/artigos/financas/acesso-a-capital/estrutura-de-capital-e-erros-mais-comunsPostado por: Tiago Barbosa dos Santos
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