sexta-feira, 6 de junho de 2014

"Não temos que ter medo", diz Lula, sobre estímulos à economia


PORTO ALEGRE  -  O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a presença do secretário do Tesouro, Arno Augustin, em um seminário promovido pelo jornal "El País" nesta sexta-feira, em Porto Alegre, para mandar um recado à equipe econômica do governo federal sobre como enfrentar a desaceleração da economia.
Folhapress
Numa crítica sutil à retração da oferta de crédito pelos bancos públicos, ele sugeriu “colocar um pouco do charme do compromisso social para a gente melhorar um pouco a situação”, afirmou.
“Não temos que ter medo. Acho que temos que ficar um pouco mais afoitos agora. Apenas seguir a rotina técnica não dá mais certo”, afirmou o ex-presidente, logo depois de questionar diretamente o secretário do Tesouro: “Arno, um dia você vai ter que me explicar: se a gente não tem inflação de demanda, por que a gente está barrando o crédito?”.
“Se depender só do pensamento do Arno, você não faz nada, mas não é por maldade, não”, emendou Lula, afirmado que o “tesoureiro de um sindicato”, assim como o secretário do Tesouro, age naturalmente desta forma.
Conforme o ex-presidente, desde 2008, o Brasil fez um superávit primário médio de 2,58%, “o melhor desempenho entre todos os países do G-20 [grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo]” e não tem falta de dinheiro para investimentos. Os projetos, porém, não saem do papel devido à queda do comércio exterior e da demanda interna e, por isso, “temos que tomar muito cuidado para não entrar numa rota delicada para nós”, afirmou.
Ainda referindo-se diretamente a Augustin, Lula recomendou também a criação de um fundo de US$ 2 bilhões para financiar as exportações do Brasil para a África e disse que o governo deveria exigir das montadoras de automóveis que investem no Brasil a exportação de parte de sua produção para o mercado africano, hoje dominado por marcas chinesas, japonesas e alemãs.





Asafe Torres

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