Discutir a questão do processo de supervisão na formação profissional do assistente
social requer primeiramente que se discuta a concepção e o papel do estágio no processo de
formação profissional, tal como concebida no projeto pedagógico que norteia e orienta tanto a
formação do aluno quanto o processo de supervisão.
O Estágio curricular, tradicionalmente, figurou como atividade complementar da
formação profissional, responsável pela atividade prática do curso, dissociada de seu corpo
teórico, que seria constituído pela organização das disciplinas. Outra função do estágio seria a
de avaliar a aplicabilidade da teoria, como se fosse possível uma relação direta e imediata
entre teoria e prática. Saber e fazer são dicotomizados numa perspectiva de
complementariedade e não de unidade, alheia à dinâmica das relações sociais. Teoria e prática
se apresentam como esferas complementares, instâncias independentes.
Nesta perspectiva o estágio é concebido então como espaço da prática, da técnica, da
aplicação de normas, regras e princípios. O papel do supervisor frente ao projeto de formação
profissional seria o de responsável pelo ensino da prática, do fazer, de reproduzir junto ao
estagiário o acúmulo profissional adquirido a partir de sua inserção no enfrentamento da
questão social, do ponto de vista técnico-instrumental, dissociada dos pressupostos teóricos
que informam a construção de um dado projeto de formação profissional.
Este entendimento também perpassa o universo acadêmico que se reconhece enquanto
espaço de produção e reprodução do saber, relegando ao estágio o ensino da prática. Não há
relação entre estes dois espaços, que se apresentam como esferas independentes. Logo, ao
supervisor cabe o ensino da prática, sem maior participação na esfera do saber e da teoria, ou
seja, no espaço acadêmico. Restringir o processo de supervisão à mera reprodução da
operacionalização dos instrumentos e técnicas é subtrair do processo de aprendizagem a
apropriação do processo de trabalho do Serviço Social em sua amplitude.
Outra concepção de estágio o percebe como espaço para aprendizagem do processo de
trabalho através da relação teoria/prática, entendendo-a enquanto unidade indissolúvel, onde,
a partir de um determinado referencial teórico, no enfrentamento das condições concretas do
real, serão construídas alternativas e respostas profissionais. O estágio, então, constitui-se
enquanto momento privilegiado da formação profissional, onde o aluno-estagiário deverá
vivenciar a aprendizagem do exercício profissional que contém dimensões ética, política,
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ideológica, pedagógica e técnica. E, no espaço institucional, é o supervisor, em permanente
relação com a unidade de ensino, que irá viabilizar um processo de aprendizagem que venha a
garantir que todas essas dimensões sejam contempladas.
É a partir desse entendimento de estágio que estaremos trabalhando e discutindo a
questão da supervisão na formação profissional.
Debater a questão da supervisão na formação profissional exige que se rompa com a
visão endógena de se discutir a supervisão apenas do ponto de vista metodológico, enquanto
método de ensino. Então, um primeiro ponto a se considerar é que a supervisão faz parte
integrante do projeto de formação profissional, ou seja, de um projeto de profissão que
pretende uma dada intervenção na realidade social.
Asafe Torres
Asafe Torres
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