segunda-feira, 15 de junho de 2015


O processo de emissão de ordens tem como objetivo principal converter as necessidades colocadas no PMP em termos de produtos finais, para a forma de necessidades em termos de itens componentes (produzidos ou comprados). Vale ressaltar que é muito importante a escolha do sistema de emissão de ordens de produção (SEOP) empregado. Ela deve levar em conta principalmente o tipo de sistema de produção em que o SEOP vai operar. Em um sistema de produção repetitivo, que possui uma variedade cibernética pequena, um sistema simples como o Kanban é, em geral, altamente apropriado. Para um sistema de produção não-repetitivo não há atualmente uma alternativa melhor do que o MRP. Na situação intermediária, sistema de produção semi-repetitivo, é que a questão é crítica, e ainda não há uma resposta definitiva. O Kanban apresenta difícil aplicabilidade em ambientes semi-repetitivos, enquanto que o MRP apresenta uma complexidade além da exigida num ambiente de manufatura celular. Em uma pesquisa que orientamos (FUSSE, 1993), compreendendo 5 metalúrgicas do estado de São Paulo em que estavam implantados o MRP e células de manufatura, a principal conclusão foi que tais empresas estavam satisfeitas com as células de manufatura mas não com o desempenho do MRP nesse ambiente.
BURBIDGE (1983) classifica os Sistemas de Emissão de Ordens (SEOs) em três grupos:
(i) sistemas para fazer de acordo com o pedido;
(ii) sistemas de estoque controlado. São sistemas em que o nível de estoque de cada item é controlado de forma independente dos demais e de forma independente do PMP (plano de produção, na terminologia de Burbidge). O nível de estoque deve ser tal que, no momento em que a montagem precisar de um item particular, ele deverá estar disponível;
(iii) sistemas de fluxo controlado. São sistemas que determinam as necessidades de itens (em termos de tempo e quantidade) diretamente a partir do PMP.
Alterando essa classificação, propomos uma taxonomia dos SEOPs com cinco categorias, que se por um lado envolve muitas categorias para o número de SEOPs existentes, por outro lado ajuda a entender melhor tais sistemas e nos permite enquadrar o sistema Kanban, o que não é possível com a classificação acima. As categorias são:
(I) Sistema de Pedido Controlado. É usado nos sistemas de produção grande projeto e, eventualmente, no não repetitivo. Compreende o: (1) sistema da programação por contrato; e o (2) sistema da alocação de carga por encomenda;
(II) Sistema de Estoque Controlado que Puxa a Produção. Compõe-se do: (3) sistema de estoque mínimo;
(III) Sistema de Estoque Controlado que Empurra a Produção. Pertence a esta categoria o: (4) sistema de estoque-base;
(IV) Sistema de Fluxo Controlado que Empurra a Produção. Comporta os seguintes sistemas: (5) PBC (Period Batch Control= sistema do período padrão); (6) MRP; (7) SERVE (sistema de emissão de ordens do sistema de controle da produção OPT); (8) sistema dos lotes componentes; (9) sistema do lote padrão; (10) sistema do controle maxmin;
(V) Sistema de Fluxo Controlado que Puxa a Produção. Constitui-se do sistema: (11) Kanban. É um sistema híbrido, já que, com base no PMP, são requisitadas as peças que são usadas na montagem; assim, é um sistema de fluxo controlado; por outro lado, a solicitação de produção (ou fornecimento) de peças é feita com base no estoque controlado com produção puxada.
A grande maioria dos sistemas (1) a (11) está descrita em BURBIDGE (1983) e em ZACCARELLI (1987) sendo que os sistemas (4), (8) e (9) estão apresentados de maneira mais clara em ZACCARELLI (1987).
Nos sistemas que puxam a produção, a ordem de fabricação dos produtos segue a ordem contrária do seu processamento pelas máquinas, ou seja, a necessidade de se fabricar determinado produto irá gerar a solicitação de fabricação de seus sub-componentes ao centro de trabalho precedente. Para uma compreensão mais detalhada da diferença entre puxar e empurrar a produção sugerimos a leitura de LEE (1989).
  
Link:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-530X1996000300001&script=sci_arttext
Lígia Amorim

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